Depois de confirmar a entrega de ministérios ao PP e ao Republicanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vislumbra pela primeira vez, em seu terceiro mandato, ter uma base sólida no Congresso.
Parlamentares que se opuseram ao petista na campanha eleitoral passam a admitir nos últimos dias que Lula finalmente demonstrou disposição em formar uma frente ampla. Manter esta rede de apoio, contudo, terá um custo alto e exigirá novos sacrifícios.
De imediato, a minirreforma estará completa após o partido do poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), assumir a Caixa Econômica Federal. Além do comando do banco público, resta a definição sobre as 12 vice-presidências, que podem incluir apadrinhados de outras siglas do Centrão. Nos próximos dias, também será oficializada a indicação do Republicanos à chefia da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Nessas mudanças, Lula sacrificará quadros técnicos ou políticos indicados por aliados de primeira hora, como o PSB. De um lado, causa decepção e desgosto. De outro, deve colher votos suficientes para aprovar as primeiras medidas necessárias para o governo surfar boas ondas na economia.
Em 2023, Lula espera aprovar a reforma tributária e uma série de projetos que gerem aumento de arrecadação e, por consequência, estabilidade econômica. Os líderes do governo também acreditam que terão aval para medidas que historicamente sofrem resistência no Congresso, como a taxação dos super-ricos.
No entanto, os acordos costurados com Lira e outros caciques do Centrão têm validade, e o cenário no próximo ano será diferente. Com eleições municipais à vista, Lula terá de ir além da divisão de espaço na Esplanada. Já estão na mesa, por exemplo, propostas para aumentar o valor das emendas parlamentares.
Os assentos ministeriais também devem entrar novamente na mira. E o número de votos no Congresso falará mais alto que notoriedade técnica, representatividade de gênero e de raça, ou até mesmo fidelidade partidária.