Como ficou claro com o resultado do Relatório Focus do Banco Central (BC), tom duro do comunicado em que foi informada a alta moderada 0,25 ponto percentual não teve o potencial esperado de reduzir ou manter a expectativa de novos aumentos no juro: ao contrário, ampliou de 11,25% para 11,5%.
A ata não trouxe alívio, ao contrário, veio ainda mais dura. Explicitou uma das preocupações do mercado citando a surpresa com o pibão do segundo trimestre e cravou: "esse ritmo de crescimento da atividade (...) torna mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta".
O adjetivo "desafiador (a)" é repetido sete vezes no texto, quatro vezes relacionado ao controle da inflação. Outro recado dialoga com as preocupações relacionadas ao quarto relatório bimestral de despesas e receitas, que levou o governo a desbloquear R$ 1,7 bilhão da contenção de despesas de R$ 15 bilhões do bimestre anterior.
"O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade".
Em bom português, o Copom alerta o governo Lula de que o excesso de despesas pode levar a menor crescimento e mais desemprego. Esse seria o "custo da desinflação em termos de atividade".