Como se esperava depois do corte surpreendente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por alta moderada na taxa básica por aqui, de 0,25 p.p., para 10,75% ao ano.
Mas se aliviou no número, o Copom pesou no comunicado. Uma das frases mais esperadas pelo mercado apareceu: "o comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação".
Em bom português, isso quer dizer que há risco de alta na inflação.
Depois que o "consenso do mercado" projetou uma alta total de 0,75 p.p. - três vezes a definida nesta quarta-feira (18), havia expectativa de que o Copom retomasse o "guidance", ou seja, explicitasse os próximos movimentos no comunicado. Isso não aconteceu.
O mistério foi acentuado neste trecho:
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação (...)".
Isso significa que às vésperas da próxima reunião, dias 5 e 6 de novembro, volta a especulação se a taxa volta a subir ou não, e quanto.
Mas se manteve o suspense, o Copom deixou claro que haverá novas altas, a menos que o cenário mude drasticamente ao mencionar "ciclo ora iniciado".
Uma curiosidade é o fato de que quem escreve a ata é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que deve suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC. O tom duro também faz parte da "construção da reputação" de Galípolo.