Agora falta pouco para saber se o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) vai cortar o juro em 0,25 ou 0,5 ponto percentual - a probabilidade de um corte maior por lá já chega a 59%. Como o comunicado costuma ser publicado por volta das 15h (horário de Brasília), ainda haverá tempo para o Comitê de Política Monetária (Copom) calibrar o aumento por aqui, que oscila entre os mesmos números.
Em agosto, com a leve deflação, a inflação acumulada em 12 meses saiu do limite máximo do teto da meta, de 4,5%, para 4,24%. Ainda está perigosamente próximo, mas a pressão diminuiu.
O que piorou foi a perspectiva fiscal. Mesmo com a exclusão do cálculo do cumprimento da meta de déficit zero, os gastos extras no Rio Grande do Sul e com o combate às queimadas significam aumento da dívida.
Ainda há outro elemento nessa equação que fará o Banco Central ter de explicar com muitos detalhes por que vai elevar o juro no mesmo dia em que o Fed enfim vai baixar o seu.
É a primeira reunião depois da oficialização de Gabriel Galípolo como indicado à sucessão de Roberto Campos Neto. Transições de poder em instituições tão poderosas como bancos centrais costumam provocam algum estresse, em qualquer circunstância:
— A experiência internacional mostra que bancos centrais em transição tendem a ser mais conservadores para construir reputação — disse à coluna Roberto Padovani.
Para um BC, ser mais conservador significa manter juro alto ou elevar a taxa. Como indicado de um presidente que já fez críticas ácidas à manutenção da Selic em níveis elevados e até ao atual ocupante do cargo, Galípolo tem custo extra para ser absorvido.
Então, um dos muitos motivos pelos quais o juro vai subir, seja 0,25 ou 0,5 ponto percentual, é para que o futuro presidente do BC possa "construir reputação".