Depois de subir 0,38% em julho, a inflação medida pelo IPCA, o índice oficial no Brasil, caiu 0,02% em agosto.
Quando aparece um sinal negativo no indicador de aumento de preços, em vez de inflação ocorre seu oposto, a chamada deflação.
Tão diminuto e, por enquanto, solitário resultado se parece mais com estabilidade do que com redução. Mesmo assim, representa desafio lógico extra para a alta no juro que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar na próxima semana.
Não foi uma grande surpresa - as projeções de mercado cobriam o intervalo de -0,1% a +0,1 e sinalizavam expectativa de estabilidade.
Mas até economistas que consideram um erro elevar o juro no Brasil no mesmo dia em que vai baixar nos Estados Unidos avaliam que o Copom não tem alternativa: precisa tomar a decisão porque disse que estava sobre a mesa e agora, se não adotar a medida pode desancorar as expectativas ainda mais.
— Essas altas a conta-gotas não vão ancorar as expectativas por si só, mas indicam que os economistas não têm convicção de que uma alta relevante do juro seja necessária e podem mudar de opinião rapidamente caso o cenário mude — diz André Perfeito, com anos de experiência no mercado.
Perfeito acredita que o Copom vai elevar a Selic na próxima quarta-feira. E faz uma previsão tão contraditória quanto as circunstâncias que empurram para a elevação da taxa básica:
— No dia seguinte da alta, muitos que antes pediam mais juro serão os mesmos que irão achar que agora não precisa mais.