A discussão séria sobre a "necessidade" de aumento do juro começou muito antes de ser tornar "consenso de mercado", mas chegou lá.
No Relatório Focus desta segunda-feira (9), veio tudo de uma vez só: não só projeção de alta de 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) da próxima semana, como repetição dessa dose nas duas seguintes neste ano.
A maioria dos economistas consultados pelo BC para elaborar o Focus aposta que a taxa básica chegue a 11,25% no final do ano, perto do estimado à coluna há 15 dias por Roberto Padovani, economista-chefe do BV (Banco Votorantim).
Para lembrar, define-se como "consenso de mercado" as projeções medianas (mais frequentes) do Focus, publicado toda segunda-feira pelo BC, a partir de cerca de uma centena de economistas de instituições financeiras e consultorias econômicas.
Apesar no nome, no universo econômico a alta de juro está longe de representar "consenso". Um dos aspectos inusitados é que o Brasil voltaria a elevar a Selic no mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) deve começar a cortar a sua taxa básica.
Como esse movimento tende a enfraquecer o dólar ante outras moedas, quem questiona essa estratégia pondera que haveria perspectiva de redução na inflação por efeito cambial, sem necessidade de tornar o dinheiro ainda mais caro no Brasil.