
Apesar de desacelerar – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril subiu 0,43%, depois de haver aumentado 0,56% em março –, mas economistas ainda veem resiliência ante a altitude do juro no Brasil. E boa parte avalia que isso pode significar que o viés de parada na trajetória do juro básico fica sob risco.
— A abertura do índice (análise dos itens que indicam tendência) ainda apresenta resiliência na inflação, principalmente nos serviços subjacentes, componentes mais sensíveis a política monetária — observa Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP.
Entre os serviços subjacentes, estão comércio, alojamento e alimentação fora do domicílio. Outro sinal de persistência é o índice de difusão – que mostra quanto a alta de preços está espalhada por vários setores – aumentou de 65% para 67%. Por isso, na avaliação da economista, seria um sinal de que o juro ainda pode subir 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 18 de junho.
A avaliação é compartilhada por Igor Cadilhac, economista da PicPay:
— Com esse quadro inflacionário preocupante, somado à expectativa de manutenção da resiliência da atividade no primeiro semestre e possível retomada do fortalecimento do dólar, mantemos a previsão de alta de 25 pontos-base na próxima reunião, com a Selic encerrando 2025 em 15%.
No entanto, outra desaceleração esperada para o segundo semestre – a da economia –, embute um sinal de inversão de sinal na trajetória da Selic. Cadilhac diz não projetar cortes de juros neste ano, mas admite que "a probabilidade desse cenário tem aumentado".