O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A publicação da ata do Copom foi o fato mais aguardado da pauta econômica desta quarta-feira (6). As três laudas, divididas em 29 itens, que justificam a opção pela manutenção da taxa de juro em 10,50%, na reunião da quarta-feira passada (31), e traçam as percepções do Banco Central (BC) para o futuro podem ser resumidas em poucas palavras: se tudo continuar como está, a taxa será mantida. Ou ainda, caso a situação interna e externa se deteriore, a Selic será elevada.
Em exercício maior de síntese, o texto não deixa margem para que o nível do balizador das operações de crédito no país encerre o ano abaixo do atual patamar. Mas alerta para que não haja engano: se precisar subir, o fará.
Na esteira da publicação, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, disparou que a ata seria “um tapa na cara” do país. Ela representa uma ala do partido (que tem como principal porta-voz o próprio presidente Lula, mas não o ministro da Fazenda, Fernando Haddad) afeita a dispensar ao BC tratamento semelhante ao que os seus antecessores no Palácio do Planalto ofereciam ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes e agora, o ataque aberto e frequente a essas instituições só reforça o que se espera que elas cumpram. No caso do BC, os fundamentos são bastante claros. E o colegiado – formado por nove conselheiros, dois indicados pelo atual governo, inclusive o virtual sucessor de Campos Neto na presidência, Gabriel Galípolo – utiliza, como bem lembra o economista e professor Marcelo Portugal, a expressão “unanimemente” em seis ocasiões.
A principal quando deixa claro que está com o dedo no gatilho, e se necessário for irá disparar uma nova alta. Se de um lado a ata colheu manifestações contrárias no campo político, de outro serviu para conter o avanço do dólar.
Após dois pregões flertando com a barreira dos R$ 5,80, a moeda norte-americana, voltou a navegar em águas calmas nesta terça-feira (6). O motivo? É que o BC não desmerece, em momento algum, o que está dando certo. Leia-se: baixíssimo desemprego e PIB acima de qualquer expectativa.
Por outro lado, não desmonta guarda à inflação e, para isso, mantém o olhar fixo nas zonas de pressão. Traduza-se: descontrole de gastos e dificuldade de manter um regime fiscal “crível”, no período de vigência do arcabouço.
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