Como se esperava, depois de dois dias de reunião o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve o juro básico nos atuais 10,5% ao ano.
E como também se esperava, o comunicado da decisão veio em tom mais duro do que os anteriores. Ao longo do texto, três palavras estratégicas serviram para avisar que a luz amarela está acesa: vigilância, serenidade e moderação.
Não houve explicitação de que uma alta de juro esteja no no horizonte. Nem de baixa. A perspectiva é mesmo de manutenção da Selic em 10,5% por longo tempo:
"O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
O que se esperava e apareceu foi o recado sobre a necessidade de cumprir a meta fiscal:
"A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".
Em outros trechos, o Copom observa que entre os riscos para a inflação estão "desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada (...); e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna" com impacto inflacionário.
Mais cedo, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, presidente do BC dos Estados Unidos), havia reforçado a expectativa de início de cortes de juro por lá na próxima reunião - na desta quarta-feira (31), manteve a taxa:
— Não tomamos decisão sobre reunião de setembro, mas corte de juros pode estar na mesa.
Onde as palavras fortes apareceram
"Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância".
"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária".