O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (31), manter a taxa de juro básico no mesmo patamar pela segunda vez seguida. Com isso, a Selic segue estacionada em 10,50%.
A última modificação na taxa ocorreu em maio deste ano, quando o colegiado reduziu o indicador em 0,25 ponto percentual.
A Selic é usada como referência para uma série de taxas atreladas ao crédito. O indicador afeta uma série de decisões de investimentos de empresas e o mercado de crédito.
A decisão do Copom foi unânime. Em comunicado, o colegiado explica que "o ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países".
"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", informou o comunicado.
Repercussão
A decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 10,50% provocou repercussão no setor produtivo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, afirma que a manutenção reflete a preocupação com o recente aumento das expectativas de inflação e a incerteza fiscal do governo brasileiro.
— Embora entendamos a necessidade de fazer a inflação ficar dentro da meta, o setor industrial do Rio Grande do Sul enfrenta dificuldades significativas, agravadas pelos efeitos das enchentes. A manutenção dos juros altos aumenta os custos de empréstimos e financiamentos, dificultando a recuperação econômica das empresas locais — diz Bier.
Segundo Bier, a Fiergs espera que nos próximos meses o governo federal se comprometa com as metas fiscais estabelecidas no arcabouço fiscal, de modo que o cenário macroeconômico permita uma redução dos juros.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, se manifestou por meio de nota. No texto, ele afirma que "a decisão foi tomada diante de um cenário que tem se tornado mais complexo, com atividade mais resiliente, mercado de trabalho apertado, câmbio mais depreciado, expectativas desancoradas e a forte dúvida relacionada à capacidade do governo de manter as contas equilibradas".
"Nesse contexto, a cautela aumenta e a política
monetária tem que seguir contracionista para levar a inflação à meta. Juros mantidos mais altos por mais tempo, remédio amargo que infelizmente é necessário, sempre
penalizam a atividade econômica e, sem dúvida, se colocam como desafio adicional à nossa retomada gaúcha", prossegue o texto.