Enquanto o governo do Estado fala em reconstrução mais resiliente da infraestrutura, já estão na rua dezenas de licitações para restabelecer conexões municipais, e até mesmo reconstrução de trechos de rodovias estaduais.
Nesta quinta-feira (30), em uma conversa com um grupo de jornalistas, o governador Eduardo Leite admitiu que nem toda a reconstrução poderá ser feita "melhor". Foi uma resposta à pergunta da coluna sobre como conciliar a pressão pelo restabelecimento rápido, que embute o risco de entregar obras tão frágeis ou mais do que as levadas pela enxurrada com a necessidade de ter estradas, pontes e outras estruturas capazes de resistir a intempéries.
Prefeituras, especialmente no Vale do Taquari, já estão tomando decisões sobre realocação de bairros e até do centro.
— Talvez não seja possível fazer toda a reconstrução melhor, até porque há a questão da indenização de áreas, que envolve prefeituras. Por isso, no Vale do Taquari, temos um projeto com a colaboração da Univates (Universidade do Vale do Taquari) — disse Leite.
O tema complexo exige governança: restabelecimentos mais frágeis vão demandar recursos agora e podem exigir mais no futuro se não resistirem ao próximo evento climático severo. No entanto, alguns são cruciais para reconectar localidades isoladas e recompor a malha logística, permitindo a normalização tanto da produção - com chegada de insumos às fábricas - quanto do escoamento.
Na resposta, Leite aproveitou para cobrar do governo federal respostas a projetos que o Estado pretende incluir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Disse que já enviou projeto de R$ 500 milhões para o controle de enchentes em Eldorado do Sul - onde cerca de 80% da população foi afetada, conforme dados do governo do Estado. Segundo o governador, está em análise no Ministério das Cidades.
Ainda não apresentado, mas já concluído e prestes a ser encaminhado ao PAC é outro projeto de R$ 2 bilhões para enfrentar cheias dos rios Gravataí e Sinos, incluindo o Arroio Feijó. Esse responderia à vulnerabilidade a alagamentos em Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo e na zona norte de Porto Alegre, onde entidades, grandes e pequenas empresas enfrentam quase um mês de inundação.
O vice-governador Gabriel Souza disse que está em contato com os prefeitos do Vale do Taquari para buscar soluções adequadas à desocupação urbana, desde a mudança de bairros inteiros até, por exemplo, a necessidade de reconstruir o hospital de Roca Sales em outro local. Lembrou, ainda, que essas decisões têm de ser submetidas ao plano diretor, de competência privativa dos municípios.