No início da tarde de 2 de maio, uma quinta-feira, a água subia no Arroio Feijó, na zona norte de Porto Alegre, e a administração do complexo da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) dispensou os funcionários. Só permaneceu no local a equipe responsável por monitorar o dique.
Dois dias depois, no sábado (4), o arroio extravasou, depois provocou rompimento parcial do dique. A água cobriu todo o subsolo da Fiergs, chegou a 70 centímetros de altura no primeiro andar, um metro no Centro de Eventos e outro tanto no Teatro do Sesi, que ficou com o palco e as primeiras fileiras debaixo d'água.
Por duas semanas, tudo seguiu alagado, forçando até que a primeira escolha de presidente com disputa em 38 anos fosse virtual. Só escapou um prédio mais alto, onde faltaram três centímetros para a enchente chegar. É onde ficam as áreas de TI, engenharia, contabilidade, suprimentos, que deve ser a primeira a voltar a funcionar, talvez dentro de 30 dias.
— O retorno da normalidade de toda a estrutura vai levar 60 dias, no mínimo, se a chuva parar agora — diz o superintendente do Sistema Fiergsg, Carlos Heitor Zuanazzi.
Mesmo que a água tenha começado a baixar na semana passada, só as equipes de engenharia tiveram acesso às instalações, de barco. Por isso, Zuanazzi diz que ainda não há estimativa sobre o valor do prejuízos. Como a água chegou a 70 centímetros no primeiro andar e ficou nessa altura por ao menos duas semana, imagina que seja preciso trocar todos os móveis.
Mas espera que, como a altura padrão dos móveis é de 75 centímetros, não tenha alcançado os computadores. Não houve rompimento de vidros, que compõem boa parte da fachada do complexo.
— No subsolo e no teatro, ainda tem água, vamos ter de bombear para sair. Estamos esperando que a água baixe para fazer isso — conta o superintendente.
No centro de eventos, que está com vários agendamentos cancelados, a altura da água passou de um metro. Também não foi possível entrar no local, mas Zuanazzi adianta que a preocupação, lá, é com a infraestrutura que fica no subsolo: redes de comunicação, elétrica e de água, esgoto:
— Ainda vamos ter de revisar para ver o que aconteceu.
Zuanazzi relata que, em 2013, já havia ocorrido alagamento na Fiergs, também por extravasamento do Arroio Feijó. Chegou a cobrir o subsolo, mas não afetou o primeiro andar. Desde então, relata, a entidade tem acompanhado o comportamento do dique, inclusive colaborando com máquinas emprestadas de indústrias associadas para elevar sua dimensão. Mas o superintendente afirma:
— A lição foi grande, temos de aprender. Vamos ter de conversar bem com a prefeitura sobre o Arroio Feijó, que afeta toda a comunidade do Sarandi. Será um assunto prioritário e estamos dispostos a ajudar.
PARA LEMBRAR: ainda há emergências a atender e uma reconstrução desafiadora pela frente, para as quais será necessária toda a ajuda disponível e mobilizável, por menor que seja. Se for grande, melhor ainda. Se puder, por favor, contribua. Saiba como clicando aqui.