Com a expectativa de reunir informações essenciais para orientar empresas gaúchas afetadas pela enchente, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) elaborou o guia Recuperação Econômica de Empresas do RS, disponível para consulta grátis.
A cartilha compila uma série de medidas trabalhistas, tributárias e financeiras propostas por governos municipais, estadual e federal. No entanto, segundo Ismael Santos, um dos responsáveis pela construção do documento, a restruturação de negócios gaúchos pode começar sem os auxílios emergenciais.
— Nesse momento, a melhor medida financeira para empresas é observar a cadeia de valor. É uma conversa transparente com proprietário do aluguel, com clientes, com fornecedores. Fazer uma parceria de operação. Até porque, quando olhamos para bancos, existe burocracia. No curtíssimo prazo, não vemos o dinheiro caindo na conta das empresas— afirma Santos.
Conforme o especialista em gestão de crise e reestruturação de empresas, depois de mapearem as perdas da enchente, os empreendedores devem estruturar vendas e despesas, sejam variáveis ou fixas, construindo uma base para tomada de decisão. Mas antes de buscar apoio em linhas de crédito, entidades sindicais, medidas governamentais, bancárias ou jurídicas, é preciso elaborar um planejamento estratégico para enxugar a operação e explorar oportunidades.
Uma das alternativas é analisar soluções dentro da cadeia produtiva da empresa. Para exemplificar, Santos cita possíveis reajustes com fornecedores, como financiamento estendido para compra de produtos, e clientes, como benefícios para pagamentos à vista.
— Vemos muitas colaborações que surgem em momentos crise, que podem perpetuar até como uma vantagem competitiva de longo prazo. É aceitar rapidamente as perdas e usar a criatividade. Existem ferramentas gratuitas ou de baixo custo para o empreendedor desenvolver novas possibilidades de serviço, de logística — diz.
Avaliar perdas, projetar as necessidades e buscar apoio com parceiros e clientes, indica Santos, é importante, inclusive, para quando a empresa for atrás de ajuda externa.
— O empreendedor precisa conhecer suas carências e seus ganhos quando tiver a oportunidade sentar com o gerente do banco, captar algum recurso, buscar os financiamentos. Também precisa saber o que fazer com o dinheiro que cair na conta. Sem estudo prévio, até pode criar um problema para a empresa no longo prazo.
Segundo o especialista, em último caso, ainda é possível avaliar parada ou saída do negócio, como recuperação judicial, fusão ou até venda.
*Colaborou João Pedro Cecchini