Conforme pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 99% dos bares e restaurantes gaúchos enfrentam problemas para conseguir insumos básicos, como alimentos e bebidas.
Entre os ouvidos, 66% também observam aumento de preços. Segundo o presidente da entidade no Rio Grande do Sul, João Melo, as dificuldades logísticas e de oferta encarecem os produtos.
— Indústrias foram afetadas, escasseando a oferta. Os custos estão mais elevados. É compreensível em situações de crise — diz Melo, acrescentando que a medida impacta, sobretudo, empresas que consomem em grandes quantidades.
Quem também identifica aumento em preços de itens básicos como arroz, feijão e óleo de soja é a Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo (Fhoresp). Diretor-executivo da entidade, Edson Pinto aponta "desabastecimento artificial" para especulação de preços.
Nas distribuidoras, exemplifica, o saco de arroz de 5 quilos saltou de R$ 27 para R$ 42, mesmo sem perdas significativas na produção. No Rio Grande do Sul, a Abrasel observa a prática apenas em casos isolados.
— Os supermercados de São Paulo impuseram restrições para consumo, sem nenhuma comprovação. Não há problema de desabastecimento. Diante disso, as distribuidoras alegam que não têm produtos e fazem sobrepreço para grande consumidores. Estão se aproveitando da tragédia para especular com preços de alimentos — afirma Pinto.
Por enquanto, Pinto observa esse movimento apenas no Estado de São Paulo, onde a Fhoresp representa cerca de 460 mil negócios. No entanto, transmite o alerta para empresas de todo país. A entidade já fez denúncia ao Procon e aguarda retorno.
A coluna questionou quais seriam as distribuidoras envolvidas na suposta especulação, mas Pinto não quis revelar. Apenas disse que seriam cerca de 20 empresas que formam um "oligopólio".
— Permanecendo assim, os negócios não vão conseguir segurar os preços. A alimentação fora de casa pode ficar mais cara nos próximos dias — diz Pinto.
A pesquisa da Abrasel no Rio Grande do Sul, que ouviu 386 empreendedores entre os dias 14 e 19 de maio, também aponta que 94% dos bares e restaurantes gaúchos têm problemas no faturamento. Em fevereiro, 55% operaram com prejuízo; 27%, com estabilidade.
*Colaborou João Pedro Cecchini