O anúncio formal sobre negociações para fusão fusão entre os grupos Arezzo, nascido na indústria calçadista e hoje com várias grifes - como Reserva e Vans -, e Soma, dono de Animale, Farm, Hering, jogou luz sobre os conglomerados de moda no país,
Caso seja bem sucedida, a união vai gerar uma das maiores concentrações de marcas, muitas com rede própria. E intensificar um fenômeno que já ocorre hoje: é possível sair de uma loja, entrar em outra e comprar do mesmo grupo que controla a anterior.
Esse tipo de reunião de várias grifes sob um mesmo guarda-chuva não é exclusividade do Brasil: há exemplos internacionais como a LVMH, que só em moda e acessórios reúne Louis Vuitton (de onde vem o LV do nome), Dior, Fendi e Givenchy, sem contar seu, digamos, braço líquido, que tem o champanhe Moët & Chandon e o conhaque Henessy (de onde vem o restante das letras).
— Desde 2021, a Arezzo vem se posicionando como house of brands (casa de marcas), comprando e concentrando o mercado de moda. Esse movimento também vem para ter uma certa proteção ante a entrada de marcas chinesas, que entraram forte no Brasil e que vão ter um competidor mais desafiador se a fusão se concretizar — detalha Fabiano Zortéa, coordenador estadual de varejo do Sebrae RS.
Até agora, há apenas anúncio de possibilidade de união - o fato relevante da Arezzo menciona que "está em entendimentos com o Grupo Soma" que "poderá envolver a unificação das bases acionárias em uma única companhia" mas "não há qualquer documento vinculante", ou seja, não está garantido. Mesmo assim, o mercado se agitou porque número de marcas reunidas deve superar qualquer outro grupo. Existem outras "federações" de moda, mas com menos nomes envolvidos. Veja exemplos:
Veste (antes chamada Restoque)
- Le Lis
- Dudalina
- John John
- BO.BÔ
- Individual
Morena Rosa
- Morena Rosa
- Iódice
- Maria Valentino
- Zinco
Grupo Rossett
- Valisère
- Cia. Marítima
- Triumph
- Valfrance
- Sloggi
- Água Doce
- Acqua by Classic
- Body for Sure.
Mas basta comprar com a extensa lista do que seria a fusão entre Arezzo e Soma para entender o tamanho da mudança (nem todas as cerca de 30 marcas estão listadas abaixo:
- Arezzo
- Brizza
- Schutz
- Alexandre Birman
- Anacapri
- Alme
- Vans
- ZZ Mall
- Troc
- Carol Bassi
- Paris Texas
- Reserva
- Reversa
- Baw
- Animale
- Cris Barros
- Dzarm
- Farm
- Fábula
- Foxton
- Hering
- Maria Filó
- NV
- Off Premium
— Se a fusão for confirmada, a expectativa é que gere uma empresa com faturamento em torno de R$ 12 bilhões por ano, o que faz esse grupo subir para a segunda posição no ranking do setor, só abaixo da Renner. Então vira o maior conglomerado de marcas do mercado, a exemplo do grupo LVMH, que vem se consolidando com marcas premium e luxo — reforça Cecília Rapassi, sócia-diretora da Gouvêa Fashion Business, com 20 anos de experiência no setor.
Zortéa aponta vantagens neste tipo de movimento. Destaca duas: a ampliação do alcance de mercado e a redução de custos para tentar frear o avanço de concorrentes.
— Quando a Arezzo se aproxima do grupo Soma, quer entrar mais forte no vestuário feminino e ter uma oferta mais completa. Isso dá velocidade para o Grupo Arezzo poder dialogar melhor com o consumidor de vestuário e acessórios feminino, pois eles conhecem muito bem os temas de calçado e, com a fusão, conseguiriam acelerar o crescimento. E vai ocorrer a integração de produção, com ganhos de escala, produtividade, redução de custos, de tempo de entrega. — complementa.
Apesar das vantagens, a concentração de marcas nem sempre é garantia de sucesso. Um exemplo recente é do Grupo GEP, detentor de marcas como Cori, Luigi Bertolli, Emme e Offashion, e franquiada exclusiva da Gap. Entrou em recuperação judicial em 2016, e colocou suas marcas à venda no ano seguinte.
— Os grupos têm marcas regionais, culturas carioca, catarinense, paulista, então integrar será o maior desafio, além de manter a integridade de branding, de criação no estilo de cada marca — completa Cecília Rapassi.