A três semanas do final do ano, o mercado financeiro segue corrigindo projeções cruciais sobre a economia de 2023. Depois da terceira surpresa seguida com o PIB, a estimativa da maioria das cerca de cem instituições financeiras e consultorias econômicas consultadas para elaboração do boletim Focus, do Banco Central (BC), voltou a subir de 2,84% para 2,92%.
Era previsível, porque o crescimento acumulado só até o terceiro trimestre chega a 3,1%. Caso a atividade econômica não avance nem duas casas depois da vírgula no período de outubro a dezembro, esse seria o avanço do PIB de 2023.
Qualquer número abaixo de 3,1%, portanto, embute projeção de declínio no quarto trimestre, o que é bastante improvável. É o período marcado pelas vendas e festas de final de ano. Apesar do fraco resultado de outras datas importantes para o comércio, como a Black Friday, é um momento em que mesmo consumidores estressados por dívidas e incertezas tendem a flexibilizar o aperto no consumo.
A baixa probabilidade não significa que não haja previsões de recuo no PIB do quarto trimestre, até pelo precedente da Black Friday. Informalmente, a coluna já ouviu estimativas fora da curva, de até 0,9%, baseadas no fato de que a redução de 0,3% prevista para o terceiro trimestre teria sido "represada" para o quarto. No ano em que os economistas erraram quase tudo, é possível que até o ano terminar, a projeção mais frequente suba ainda mais. A atualização total das correções costuma levar de três a quatro semanas, como ocorreu em ondas anteriores de revisão.