Como a coluna observou logo depois do primeiro efeito sobre as projeções do PIB para todo o ano de 2023, todos os consultados para a elaboração do Boletim Focus pelo Banco Central (BC) demoram para atualizar as estimativas. Agora, a projeção mais frequente é de 2,89%.
A revisão para perto de 3%, feita por vários economistas já no dia da nova surpresa positiva com o PIB do segundo trimestre só chegou nesta segunda-feira, depois de ser revisada na semana seguinte de 2,3% para 2,56%, e na passada, para 2,64%.
O Focus, sempre é bom lembrar, traz as estimativas de cerca de uma centena de instituições financeiras e consultorias econômicas. Os números apresentados pelo BC são os "medianos", ou seja, os que aparecem com maior frequência, não uma média aritmética das projeções.
Na semana passada, nova surpresa positiva, desta vez com o crescimento de 0,5% no setor de serviços em julho, levantou sobrancelhas no meio econômico. Alinhou-se à expansão de 0,7% nas vendas do varejo e contrastou com a queda de 0,6% na produção industrial do mesmo mês (ambas comparações com os 30 dias anteriores).
Esse comportamento acima do previsto adiciona suspense sobre a divulgação do IBC-Br de julho, que estava prevista para esta segunda-feira (18), mas foi adiada para o dia seguinte, conforme o próprio BC por "mobilização" dos servidores. Há uma operação-padrão na instituição desde o início de julho, com pedidos de reestruturação de carreira e bônus de produtividade.
O dado "surpresa" do IBC-Br, desta vez, pode ser negativo. Assim como a produção agrícola alimentou o pibão do primeiro trimestre, o fato de que essa atividade decai no terceiro pode trazer o tom de desaceleração esperado - e temido - desde o início do ano e não visto até agora. Isso tem impacto inclusive sobre as expectativas relacionadas ao juro, que a coluna vai tratar em outro texto.