O governo Lula tem uma oportunidade como poucas. Agora que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está dando mais problemas do que entregando soluções, poderia ter o melhor destino possível: a extinção.
Essa saída enfatizaria a gravidade da falha que permitiu a invasão do Palácio do Planalto e, ao mesmo tempo, permitiria dar um sinal que mercado financeiro e economistas ortodoxos cobram tanto - e bom razão: redução de despesa pública.
O papel do GSI é assessorar o presidente da República em assuntos militares e de segurança. Nesse sentido, o órgão não tem um bom retrospecto: no governo Dilma, não tinha ideia de que a então ocupante do cargo era espionada pelos Estados Unidos, além de empresários e diplomatas.
Como para provar que falta de aptidão - digamos assim - não tem ideologia, também falhou ao evitar que o substituto, Michel Temer, tivesse gravada uma comprometedora conversa com o empresário Joesley Batista. Então, para que serve, mesmo, o GSI?
Não serviu para nada quando mais se precisou do órgão, em 8 de janeiro. Uma das primeiras medidas do atual presidente foi tirar a função de cuidar de sua segurança pessoal do GSI para confiá-la à Polícia Federal, na qual confiava mais. Logo depois, perdeu seu principal apêndice, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), à qual também não cairia mal um teste de QI. Por que os contribuintes brasileiros sustentam, com seus impostos, um órgão claramente inapto e inepto?
O fortalecimento do GSI, no governo anterior, fazia sentido em um governo muito influenciado pelos militares. No atual, que busca devolver às Forças Armadas seu lugar histórico na gestão pública, já perdeu protagonismo e ainda vai piorar. Mas acabar com esse enclave de quepe não é tarefa simples. A mera retirada do status de ministério, determinada por Dilma em 2015, já provocou uma crise nas casernas.
Os críticos do marco fiscal acentuam o fato de a busca de sustentabilidade para a dívida pública do Brasil estar focada no aumento da arrecadação - também com razão. Ainda que uma eventual economia com a extinção do GSI não fosse substancial, ajudaria a mostrar que também há preocupação na outra ponta das contas públicas. E, se desse certo, poderia inspirar outros movimentos no mesmo sentido.