Como se previa desde a confirmação da queda do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, vem aí a CPI da Terra Plana.
O Brasil vai desviar o foco de medidas para resolver problemas urgentes para "debater" de quem é a responsabilidade pelos atos golpistas de 8 de janeiro. É quase como se perdesse energia para discutir se o planeta em que vivemos é esférico.
No dia que acabou sendo dominado pela especulação - depois confirmada - da exoneração de Gonçalves Dias, deveria ter sido oficializado o nome do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) como relator da proposta do novo marco fiscal. Até o final da manhã do dia seguinte, porém, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não bateu o martelo definitivo.
Para quem acenou com a hipótese de liquidar a fatura em 20 dias - Lira se comprometeu em aprovar as novas regras até 10 de maio -. já há um atraso, um feriadão e uma CPI no caminho. Na melhor das hipóteses, a comissão mista vai consumir tempo e atenção que serão desviados de projetos essenciais para o país reduzir o atual nível de incerteza. Ou seja, desacelerar.
Mas dado o recente nível dos "debates" no Congresso - já houve dois episódios que parecem mais arruaça do que qualquer atividade parlamentar -, o risco de que projetos importantes empaquem não é pequeno. Já estão no Congresso o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o PLDO, a proposta de marco fiscal, e ainda vão chegar as "medidas saneadoras", para tentar garantir a arrecadação necessária - que, já se viu, não será fácil - , em um Congresso que já abriu os trabalhos da reforma tributária. Isso, para ficar apenas no campo das urgências econômicas.