No primeiro dia do South Summit, duas mulheres palestrantes na feira de inovação em Porto Alegre reforçaram duas profundas convicções da coluna - que, sim, já foram repetidas algumas vezes, mas sempre é bom insistir:
1. Para inovar, a diversidade é essencial: da união de mentes com diferentes trajetórias e experiências é que nasce uma solução ainda não imaginada.
2. Não há inovação eficiente que não inclua respostas para questões sociais e ambientais.
Tania Cosentino, gerente-geral da Microsoft no Brasil, já foi avisando, em seu pronunciamento: não falaria em ChatGPT ou inteligência artificial, mas em fome, desigualdade, educação e ecologia. Como se trata de resolver problemas, esses são os que afetam a todos os humanos. Portanto, são os mais importantes sobre os quais a inovação tem de atuar. E foi o que fez:
— É preciso também enfrentar problemas éticos, o que se começa a fazer limpando a própria cozinha.
Tania lembrou que as empresas têm o que se chama de "licença ambiental e social para operar", e que precisam atuar obedecendo a essas referências e na "construção de devolutivas públicas". A executiva afirmou que sua bandeira pessoal é "educação de qualidade para todos", tanto por acreditar firmemente que esse é o melhor instrumento para reduzir a fome e a desigualdade quanto por um motivo muito objetivo:
— A inteligência artificial vai eliminar milhões de empregos, mas também vai criar milhões, mas com necessidades diferentes das que existem hoje. Vai surgir um grande gap (lacuna) sobre o qual temos de pensar e agir.
A gerente-geral da Microsoft lembrou, ainda, que os jovens não querem mais trabalhar em empresas relacionadas a trabalho infantil, análogo à escravidão, falta de cuidado ambiental. Esse público também não quer consumir produtos vinculados a essas características, frisou:
— Somos uma sociedade pobre, que consome o que tem, mas é uma questão de tempo.
A empresária Luiza Trajano fez uma veemente defesa do programa de trainees criado em 2020 por sua empresa, o Magazine Luiza, apenas para pessoas negras em 2020. Disse que, na época, apesar de 53% dos funcionários serem negros, apenas 16% ocupavam cargos de chefia. A iniciativa, assegurou, foi necessária para começar a diminuir essa desigualdade.