A especulação não é nova - existe desde a semana passada, como a coluna registrou. Mas, desta vez, está sendo usada para justificar um entusiasmo no mercado financeiro que há muito não se vai em relação ao novo governo.
A aposta em uma dobradinha entre Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e Pérsio Arida, ex-presidente do BNDES, para a equipe econômica é apontada como justificativa de um movimento inusual: o Ibovespa, que abrira no positivo, acelerou repentinamente, indo de 110 mil pontos às 11h30min para 112 mil às 12h. A variação chegou a 3,9%.
Neste início da tarde, apesar de ter saído da máxima do dia - a pontuação está no patamar de 111 mil pontos, o Ibovespa ainda sobe 2,3%, com o dólar e queda mais moderada, de 0,83%. Até os juros futuros, que haviam sido pressionados por temor de que a PEC da Transição eleve em excesso o endividamento do governo federal, recuaram. O resultado do IPCA-15, que tem o mesmo cálculo do indicador oficial, só com período de coleta antecipado, também ajudou, por ter vindo com alta de 0,53%, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, de 0,55%.
Haddad não estava entre os mais cotados para a área, mas seu nome se consolidou como forte integrante do próximo governo na viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Egito e a Portugal. Também ajudou, já que o mercado financeiro quer uma definição de quem vai conduzir a economia - para saber como será essa gestão -, uma declaração do senador Jaques Wagner (PT-BA), que se uniu nesta quinta-feira (24) à equipe de transição para tentar destravar a negociação da PEC da "licença para gastar".
Ao ser perguntado sobre a falta de uma articulação política mais forte do governo eleito, o petista que também é cotado para o futuro governo afirmou que "falta, por enquanto, um ministro da Fazenda". Disse, ainda, que, na sua opinião, ter um nome indicado à pasta "facilita", mas lembrou que é Lula quem decide. Não há garantias, inclusive, que Arida aceite participar do governo, mas como a coluna já observou, sua mais recente manifestação pública já teve ares de pronunciamento de autoridade.