As termelétricas abastecidas a gás aprovadas no pacote da privatização da Eletrobras foram a leilão nesta sexta-feira (30). Foi um processo acelerado, de pouco mais de três meses, considerando que a aprovação final ocorreu em 21 de junho.
Como foram encaixadas em uma medida provisória cuja finalidade era apenas permitir a venda da estatal, sem qualquer relação com o texto original, receberam o apelido de "usinas-jabuti", inspirado no ditado "jabuti não sobe em árvore, se está lá é por enchente ou mão de gente".
O objetivo do leilão eletrônico realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) era contratar 2 mil megawatts (MW), dos quais 1 mil MW na Região Norte, para operar a partir de 31 de dezembro de 2026, mais 1 mil MW entre Maranhão e Piauí, que começariam a funcionar em 31 de dezembro de 2027. Durou 16 minutos, porque só houve interessados em três usinas na Região Norte, onde já existe gasoduto.
A Eneva, uma corporation (sem controlador definido) que se originou da venda de negócios de Eike Batista, ficou com duas unidades, e a GPE, dona de sete usinas no Norte e Nordeste, levou uma. As três somam potência de 753,8 MW, abaixo da ofertada, com previsão de investimentos de R$ 4,1 bilhões. Não houve ofertas para as previstas no Nordeste.
Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), avalia que o resultado confirma as incertezas que cercaram essas usinas. Considera positivo que não tenha havia contratação no Piauí, dada a falta de infraestrutura de gasodutos, a perspectiva gastos públicos com a construção e preocupação com uso de água. Alerta, ainda, que as unidades contratadas no Amazonas, apesar de ter licença prévia, não têm Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima).
Estudos do setor elétrico estimam custo total de R$ 50 bilhões caso todas as usinas saiam do papel, que acabará sendo repassado para o consumidor por meio dos encargos do segmento cobrados na conta de luz.