Em um tuíte, o bilionário Elon Musk afirmou que o acordo para a compra do Twitter estava "temporariamente suspenso". Efeito: as ações da rede social despencaram 26% ainda no pré-mercado. Duas horas depois, avisou, pelo mesmo meio, que seguia "comprometido com a aquisição". Efeito: os papéis reagiram, mas seguem em baixa de 10%.
O que Musk ganhou com isso? Embora se especule que seu objetivo seria reduzir o valor do negócio, é pouco provável que isso ocorra apenas com o "tuitaço". Mas o bilionário ainda pode, se não ganhar, ao menos deixar de gastar dinheiro com o movimento.
A tese mais plausível é que Musk quer, sim, pagar menos do que os US$ 44 bilhões combinados para colocar o passarinho azul em sua gaiola, mas não com um tuíte. Quer de fato auditar o relatório do Twitter que estimou em menos de 5% a proporção de contas falsas ou spam (replicadas artificialmente) entre os usuários "monetizáveis" da rede. Monetizáveis, ou seja, "transformáveis em dinheiro" somos todos os que usamos essa e outras redes. Não esqueça a máxima: se não estamos pagando pelo produto, então somos o produto.
A "limpeza" dos perfis falsos e de bots (automatizados para aumentar de forma artificial a relevância de um usuário ou conteúdo) já era uma obsessão de Musk antes da compra. Faz sentido que queira ter certeza de que não está pagando bot por passarinho. No mercado, especula-se que acordo possa ter uma cláusula que isentaria o bilionário da multa de US$ 1 bilhão em caso de descumprimento envolvendo o percentual de contas falsas, chamado de "efeito adverso material".
No próprio Twitter, a suposta "desistência" de Musk provocou um festival de comparações com comportamentos de consumidores, digamos, menos privilegiados financeiramente. A compra-não-compra foi definida como "olhadinha", "transação não autorizada" pelo cartão de crédito e "colocou no carrinho, mas não levou", prática comum nas compras online.
E Musk pode desistir mesmo do negócio? A coluna não duvida de nada em relação ao excêntrico bilionário. E não é a única: Scott Galloway, professor da New York University, disse dias antes do vai-não-vai desta sexta-feira (13!), que o bilionário terminaria abrindo mão do negócio. O problema, segundo o especialista em negócios tecnológicos, é a equação de financiamento da compra. No caso do sul-africano, é possível que tudo aconteça. Inclusive nada.