Esta seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, pode enviar pelo e-mail marta.sfredo@zerohora.com.br ou deixar aqui nos comentários. A coluna agradece.
Um restaurante com comfort food e trilhas para gastar calorias com prazer
Até 2009, a família Sperry tinha "apenas" um sítio na divisa entre Gramado e Canela. Até que Guilherme, formado chef de cozinha pela escola do Senac do Grande Hotel de Águas de São Pedro (SP), decidiu se mudar para lá e abrir um negócio. Embora a entrada seja por Gramado, o local já está na área de Canela.
— Fica bem no limite. Era um sítio da família, que morava em Porto Alegre. Era uma propriedade de final de semana, a gente vinha esporadicamente. Eu e minha mãe viemos morar aqui. Meu pai começou com apicultura e plantação de cítricos para fornecer sucos aos hotéis, mas não valia muito a pena financeiramente — relata Sperry.
A ideia foi oferecer, ao mesmo tempo, a possibilidade de visitar a área do Ecoparque Sperry, que inclui 2 quilômetros de trilhas e quatro cachoeiras, e desfrutar do restaurante de comfort food chamado Bêrga Mótta. Quando a pandemia chegou, já operava há quase uma década no sistema de buffet, com panelas de ferro e de ágata espalhadas inclusive sobre fogões a lenha, o que reforçava o aconchego especialmente no inverno.
— Abrimos em agosto de 2009, depois do Festival de Cinema, parque e restaurante juntos, em um formato simplesinho. A mãe nos presenteou com fogão a lenha e quisemos fazer comidas que gostamos de comer. Teve algum resgate de receitas de família, tudo focado em sabor e fartura — lembra o chef.
O formato concilia a ingestão de calorias com a chance de perdê-las com prazer, nas trilhas que não só levam a cenários deslumbrantes das quatro cachoeiras, como permitem aprender no caminho, com identificação de árvores, a grande maioria espécies nativas do Estado. Foi um programa revalorizado na pandemia, observa Sperry:
— Muitas pessoas buscaram atividades ao ar livre. Mudamos para uma sequência servida nas mesas, que teve ótimo retorno dos clientes. Foi superpositivo. Pessoas que não podiam viajar passaram a descobrir coisas novas na região, captamos ainda mais clientes.
E continua acrescentando atrações: há três anos, inspirado em viagens ao Uruguai, fez um forno a lenha onde assa pizzas para o sábado e costelas para o domingo. A carne fica a noite inteira no calor do forno, depois passa pela parrilla. O Ecoparque Sperry fica aberto toda a semana (até o início do inverno, quando fecha às segundas-feiras), com ingresso de R$ 30. O restaurante só abre aos sábados (R$ 130) e domingos (R$ 140).
— Abrimos na alta temporada, entre o Natal e o Réveillon, com menu a la carte, e foi bem corrido — conta Sperry.
No começo deste ano, colocou um contêiner na área do parque para servir lanches e sucos. O chef diz que não quer crescer muito, porque não tem espaço e não quer baixar a qualidade. Mas confidencia que tem recebido convites para instalar a proposta do Bêrga Mótta em outras propriedades com características semelhantes ao Ecoparque e até para criar uma franquia:
— Ainda não veio a proposta ideal. Mas se surgir e for interessante, vamos avaliar.
Na conversa, a coluna descobriu o segredo da comida "feita com amor": Guilherme conheceu a mulher, a paulista Tati, na cozinha do Senac em que ambos se formaram.
Dica da coluna: chegou para almoçar e tem fila (não há reservas)? Aproveite para fazer a trilha até a cascata mais próxima, que sai da frente do restaurante. Não tem erro.
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