Ao lançar a seção Pequenos Negócios, Grandes Passeios, a coluna imaginava usar algumas experiências pessoais acumuladas ao longo da pandemia enquanto não chegassem sugestões de leitores. Como já surgiram várias indicações, abre espaço para essas novas ideias. A proposta é descobrir pequenos negócios que, pelas atrações que oferecem, acabam se transformando em grandes passeios. Para recomendar um destino, por favor, mande pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br ou camila.silva@zerohora.com.br ou deixe aqui nos comentários.
O projeto de aposentaria que se transformou em uma vinícola
Com cinco hectares de plantação de uvas, o casal Cézar Lindenmeyer e Suzane Bittencourt iniciou, em 2006, seu plano de aposentaria. Ambos atuaram anos em empresas e
instituições relacionadas ao agronegócio. O sonho se transformou no que hoje é a Vinícola Don Basílio, construída em Piratini, sul do Estado, a cerca de 340 quilômetros de Porto Alegre.
— A propriedade é da Suzane. Antes, o local era 'locado' para pecuaristas. Decidimos dar um novo sentido para a área criando uma atividade para a nossa aposentadoria. Fizemos um planejamento estratégico junto com o enólogo Marcos Gabbardo e definimos que iríamos produzir uvas para a indústria, e assim permanecemos por 11 anos — detalha Lindenmeyer.
Segundo o proprietário da vinícola, apesar de produção ser boa, os resultados econômicos obtidos eram "sofríveis". Por isso, em 2010, o casal começou a produzir, de forma experimental, alguns vinhos:
— A produção era feita na cozinha de casa ou em pequenas cantinas de amigos e parentes. Nós nos animamos muito com o retorno que recebemos de consumidores e revisamos o planejamento, mas esbarramos na carga tributária. Até que em 2018, as pequenas vinícolas foram inseridas no Simples Nacional.
A inclusão foi o sinal que faltava para que os produtores investissem na aquisição de equipamentos e lançassem a vinícola Don Basílio. Lindenmeyer pontua que o volume das vendas pode ser considerado "surpreendente" em relação ao tamanho do negócio. Por condições climáticas, os espumantes da vinícola são produzidos em Caxias do Sul, na Serra. Todos os rótulos levam a marca Quinta do Herval.
No local, os clientes também podem comprar vinhos naturais, que não tem qualquer tipo de insumos agroquímicos, conservantes ou clarificantes. Apesar de já conhecerem a região, somente há dois anos os proprietários identificaram o potencial turístico do local. Por isso, abriram visitações coincidindo com a chegada da pandemia. A vinícola chegou a ficar com a produção fechada por seis meses.
Segundo Lindenmeyer o início foi "duro", mas com a retomada dos eventos presenciais, aos poucos, o projeto foi ganhando forma e hoje é considerado pelo casal um sucesso. A propriedade foi batizada de Villa Basílio e, além da vinícola, tem horta e pomar.
— O visitante faz uma visita guiada ao vinhedo, onde recebe informações sobre poda, manejo e, na vinícola, conhece todos os caminhos percorridos pela uva até a garrafa, podendo fazer uma degustação acompanhada de uma tábua de queijos, pães e embutidos feitos na região — detalha o proprietário.
Do alto de um mirante, foi planejada uma vista privilegiada dos parreirais, mas vai além do roteiro de uma vinícola tradicional. É que além de produzir os vinhos, o casal cria animais que circularam livremente na área. Por isso, é provável que, ao chegar na propriedade, o visitante seja recebido com uma "apresentação" de um dos pavões que vivem por lá. A lista de moradores ainda inclui ovelhas, gansos, patos, perus e galinhas.
Além disso, os visitantes podem provar mel direto dos favos. Por serem da espécie apis mellifera, as abelhas não têm ferrão e são consideradas animais sociais. O mel também é vendido para quem deseja levar o produto pra casa.
Para conhecer o local, é preciso agendar previamente, oque pode ser feito por telefone, nos números (53) 99942-3020 ou (51) 99352-3912. Na pandemia, o número máximo por passeio está limitado a 10 pessoas. É obrigatório o uso de máscaras.
* Colaborou Camila Silva
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