Esta seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que, pelas atrações que oferecem, acabam se tornando grandes passeios, pode enviar pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br ou camila.silva@zerohora.com.br ou deixar aqui nos comentários. A coluna agradece.
Uma propriedade rústica para descobrir se búfalos são mesmo "cachorros grandes"
A coluna já se encantou com ovelhas e cabras e se surpreendeu com pavões "recepcionistas", mas agora descobriu uma convivência com animais mais, literalmente, pesada. A proposta da Morada dos Búfalos, em Vale Verde, no Vale do Rio Pardo, a 128 quilômetros de Porto Alegre, é mostrar que esses animais são como "cachorros grandes", como descreve o proprietário, Luis Fernando Aguirre.
Com a mulher, Claudane, e os filhos, Elis e Raul, Aguirre transformou uma área de 30 hectares, com uma casa em estilo açoriano construída em 1873, em espaço para receber visitantes para mostrar que os animais são tão dóceis quanto rústicos. E já avisa: as estrelas da casa só estão disponíveis para interagir até as 10h ou a partir das 16h, durante o verão.
Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal de Santa Maria, Aguirre faz questão de respeitar os horários em que o rebanho costuma pastar. São os momentos em que as 18 fêmeas, um touro — o Dezesseis, que pesa ao menos 700 quilos — e cinco bufalinhos estão ruminando e ficam ainda mais receptivos, literalmente. O proprietário conta:
— Certa vez, vi que uma senhora parecia estar com medo, vendo um deles se aproximar. Disse 'se fosse para atacar, já teria feito, está se aproximando para ganhar e dar carinho'. O touro é um doce, adora ser acariciado e se deita no chão para receber afagos.
Instalado desde 2007 a 18 quilômetros do centro, o casal fez curso de turismo rural no Senar e quer expandir as experiências na Morada dos Búfalos. Prepara quartos para pernoite acessíveis a pessoas com deficiência, que devem ficar prontos até o final do ano. Aguirre vê semelhanças entre a relação de seus búfalos com os humanos com a equoterapia, que usa cavalos como recurso terapêutico. E garante que até pessoas de 80 anos montaram no Dezesseis.
— Já fazemos alguma coisa parecida com bufaloterapia. Veio um menino aqui, com síndrome de down, e foi uma mágica, ele não queria mais ir embora — relata.
Por enquanto, é preciso marcar a visita com antecedência (pelos telefones 51.9 9989.9980 e 51.9 9989.9982) e combinar a programação, que pode incluir a interação com os búfalos, almoço campeiro, degustação de mozzarella de búfala ou um reforçado café rural. O preço varia conforme o programa escolhido, e são observadas as recomendações sanitárias. Também há possibilidade de fazer oficinas com antigos tear de madeira e roca de fiar, especialidades de Claudane, que é artista plástica.
Para aplacar a curiosidade da coluna sobre a origem dos animais, Aguirre explicou que existem três tipos de búfalos: os americanos e os africanos, mais ferozes, e os indianos, chamados de "búfalos d'água" e de "tratores da Ásia" por seu papel no cultivo de arroz, conduzido por mulheres e crianças. Os seus são desse último grupo, os mais habituados à convivência com humanos.
Para quem quer complementar o passeio na região, Aguirre recomenta o Balneário Monte Alegre, no Rio Jacuí, a Figueira Gigante, cuja largura exige 14 pessoas para um abraço, alambiques e pousadas.
— Nossa ideia é investir na Morada dos Búfalos para fortalecer o roteiro do turismo do município e da região do Vale do Rio Pardo.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo