Está no radar dos investidores: os comunicados matinais das corretoras incluíram na lista de riscos que impactam o mercado financeiro nesta semana as manifestações de servidores federais marcadas para terça-feira (18).
Sem reajuste desde o início da pandemia, mesmo as categorias mais ativas enfrentavam a situação de forma comedida, diante dos problemas provocados pelo coronavírus. No entanto, a reserva de R$ 1,7 bilhão no orçamento para reajustar os salários apenas de policiais federais e policiais rodoviários federais acendeu o rastilho.
Desde dezembro, categorias de elite do serviço público federal acumulam gestos de reação, como a entrega de cargos de confiança, em áreas consideradas "de elite", como Banco Central, Receita Federal e a diplomacia.
Agora, a adesão da base do funcionalismo espalha preocupação sobre desdobramentos dos atos previstos para terça-feira (18) — um no Banco Central, às 10h, e outro no Ministério da Economia, às 14h. À reação dos servidores, o presidente Jair Bolsonaro respondeu com sua usual disposição a agravar conflitos:
— Preferem não ter para ninguém do que ter para poucos.
Na ocasião, afirmou que "nada está decidido", ou seja, abriu mais um flanco de descontentamento entre as categorias que seriam contempladas. Qualquer esforço, agora, equivalerá a tentar fechar a caixa de Pandora: uma vez descomprimida a insatisfação, será difícil voltar a represá-la, ainda mais de forma tão canhestra.
Declaradamente contrário a qualquer reajuste, o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia afirmado, ainda antes da polêmica final do orçamento:
— O congelamento de salários (dos servidores) nos deu mais do que qualquer reforma administrativa daria.
Conforme dados do Ministério da Economia, o congelamento salarial dos servidores públicos gerou economia anual de R$ 130,5 bilhões, dos quais R$ 98,9 bilhões para Estados e municípios e de R$ 31,5 bilhões para a União.
No radar do mercado, as avaliações vão da preocupação do modalmais — "o movimento por reajuste de salários de servidores vai (se) ampliando e começa a gerar transtornos em portos e fronteiras" - ao registro de causa e consequência, no Original — "a mobilização nacional do funcionalismo público segue marcada para amanhã (18) com exigências de reajustes salariais após Jair Bolsonaro ter reservado recursos (R$ 1,7 bi) no Orçamento 22 para aumento salarial dos policiais federais".