A enésima rasteira do presidente Jair Bolsonaro no ministro da Economia, Paulo Guedes, inquietou a indústria gaúcha.
Depois do desgaste com o estouro no teto de gastos, as escanteadas em Guedes já nem surpreendem mais, mas acenderam um sinal de alerta entre empresários.
Em nota, a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), avalia que a decisão de condicionar a execução do orçamento a um parecer favorável da Casa Civil, "impactou de forma negativa a indústria gaúcha".
— Essa medida pode elevar a desconfiança na solidez fiscal do país em um ano que já se espera muitas incertezas por conta do processo eleitoral. Esse decreto fragiliza as instituições e prejudica a imagem da economia, pois pode diminuir o caráter técnico ao dar mais discricionariedade política nas decisões de alocação do orçamento público — avalia o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry.
O dirigente lembra que o Brasil tem posição "fragilizada" em relação aos demais países emergentes, porque tem déficits nas contas públicas desde 2014, portanto dívida crescente. Pondera que o percentual da dívida em relação ao PIB deve encerrar o ano de 2021 em 81,3%, enquanto na média dos emergentes está ao redor de 63,4%, citando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A consequência é a baixa confiança dos investidores e da comunidade internacional na solidez fiscal do país, com reflexos diretos sobre a taxa de câmbio e a necessidade de elevação constante no juro básico, lamenta Petry.
— O decreto prejudica os investimentos e o crescimento de longo prazo do Brasil.
Foi uma nota inusualmente dura da Fiergs em relação a medidas adotadas por Bolsonaro.