Nas declarações públicas dadas ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia cometeu um ato falho e, na tentativa de explicar o engano, acabou relatando uma tentativa de substituí-lo.
Ao anunciar o substituto do secretário do Tesouro e Orçamento (até a substituição mais recente, o cargo era de secretário da Fazenda), Guedes disse "André Esteves" em vez de "Esteves Colnago".
Tentou emendar, dizendo "André Esteves Colnago", mas acabou admitindo que era um ato falho. André Esteves é o presidente do BTG Pactual, grande banco de investimentos que teve Guedes como um dos fundadores, lá no início. O substituto é Esteves Colnago, que foi ministro da Fazenda de Temer e agora atuava como assessor pessoal de Guedes.
Para justificar o ato falho, Guedes fez uma revelação: disse que havia ficado sabendo que pessoas da "ala política" haviam procurado André Esteves para consultar sobre a sua substituição no Ministério da Economia.
— Foram perguntar se o André Esteves emprestava o Mansueto se eu saísse. Sei que o presidente Bolsonaro não pediu isso, porque ele confia em mim e eu confio nele, mas muita gente da ala política andou fazendo pescaria, inclusive lá (no BTG) — detalhou.
Mansueto de Almeida, hoje economista-chefe do BTG Pactual, foi um dos autores da regra do teto de gastos, como secretário do Tesouro na gestão Temer. Foi um caso raro de permanência no cargo na transição dos governos, pela respeitabilidade que colheu. Conforme Guedes, seria um candidato à sua cadeira, caso ele não se mantivesse. Na sessão de perguntas, que teve apenas a presença do ministro, afirmou:
— Eu não pedi demissão. Em nenhum momento eu pedi demissão. Em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante. Quando eu me referi ao André Esteves é porque eu soube que, enquanto eu estava lá fora, teve uma movimentação política aqui. Existe uma legião de fura-tetos, o teto é desconfortável.