No apertado cronograma para realizar a capitalização da Corsan até a segunda quinzena de fevereiro, como previsto, o presidente da companhia, Roberto Barbuti, considera uma etapa vencida: a assinatura de aditivos aos contratos com os municípios atendidos pela estatal.
O prazo para adesão termina em 16 de dezembro, a pouco mais de uma semana. Com fortes reações pontuais à assinatura de aditivos, a coluna já via risco para a oferta de ações, mas Barbuti sustenta que, com média de 26 anos de concessão aditivados em contratos de grandes municípios, o caminho da capitalização está aberto.
— Os maiores municípios já assinaram, e o prazo médio dos contratos ficou em 26 anos, o que já permite fazer uma boa capitalização. Se todos fossem aditivados, chegaria a 40 anos, o que elevaria o valor do ativo. Se chegar a 30, projeta resultado melhor. Mas como está, já abre caminho.
Barbuti admite que os prazos são apertados, mas afirma que a empresa está acelerando as providências para que tudo esteja pronto para a venda de ações na primeira quinzena de fevereiro, como previsto. Afirma que, se tudo der certo, a Corsan vai investir R$ 12,7 bilhões até 2033, um dos maiores programas de aporte já realizados no Estado.
— Queremos colocar a Corsan em patamar de excelência. A Corsan não vai deixar ninguém para trás, mas vamos priorizar quem está consciente do tamanho do desafio. Precisamos avançar nesse processo que exige muito investimento — afirma
Barbuti cita o caso de Esteio, que procurou a Corsan para antecipar o plano de obras no município, para garantir universalização até 2024, nove anos antes do prazo do Marco Legal do Saneamento. O executivo avalia que as regras são "privatizantes", e que a Corsan buscará se tornar tão grande que se credencie para comprar outras empresas, mas admitiu que o Estado pode se afastar do grupo de controle em determinado momento no futuro.
— Pode ou pode não, vai depender do mercado — fez questão de frisar.
Aliás, o mercado é uma variável incontrolável para a conclusão do processo da Corsan. Desde outubro, quando ficou claro o furo no teto de gastos federal, a bolsa despencou e quase perdeu os 100 mil pontos. Desde a quinta-feira passada (2), porém, vem se recuperando diante de perspectivas mais brandas sobre a variante Ômicron do coronavírus. Se seguir assim, abre mesmo as portas. Mas ainda é uma dúvida no caminho.
Atualização: ao final de audiência pública realizada na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (7), o presidente da Corsan, Roberto Barbuti, acenou com "possibilidade de expansão do prazo" para que os municípios ainda em dúvida assinem os aditivos. Repetiu que, com o prazo médio atual, de 26 anos, é possível fazer o IPO e afirmou que já tem contratos com 307 municípios. Os prefeitos presentes reclamaram do prazo curto para assinar os aditivos, do baixo valor de outorga oferecido e do percentual de 10% da venda oferecidos aos municípios, que são o poder concedente original do saneamento.
— O que me parece é que os prefeitos têm uma sensação de que o Estado está se apropriando de um ativo em que os municípios são o poder concedente, está propondo a rerratificação por um prazo de 40 anos e, dois meses depois, vai para a bolsa de valores ficando com boa parte do dinheiro para o Estado — observou o deputado Tiago Simon.