Com ágio de 57,13% sobre o preço mínimo é de R$ 1,699 bilhão, a CPFL arrematou a CEEE-T, o braço de transmissão da estatal gaúcha de energia, por R$ 2,67 bilhões. No governo do Estado, o resultado foi considerado "excelente", embora não tenha alcançado os máximos previstos pela equipe que participou da preparação.
A CPFL era considerada grande favorita para o leilão da CEEE-D, porque é dona da RGE, a empresa que já atua na distribuição de energia em dois terços do Estado.
A gigante nacional, controlada pela chinesa State Grid, não encarou o passivo bilionário da D, mas mostrou apetite pela T já na oferta inicial, de R$ 2,6 bilhões. A Companhia Técnica de Comercialização de Energia chegou a fazer duas ofertas durante a disputa em viva-voz, mas era evidente que, pela velocidade de reação, a CPFL tinha mais apetite pelo negócio. Foram só duas rodadas, e a dona da RGE levou a transmissora por um valor parecido com o inicial.
Os R$ 2,67 bilhões que serão pagos pela empresa devem entrar nos cofres do Estado em 90 dias, segundo o governador Eduardo Leite. o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, disse que a nova controladora vai investir R$ 1,5 bilhão em cinco anos na CEEE-T, o que equivaleria a triplicar o volume de investimento na empresa. Também afirmou que os recursos para o pagamento virão do caixa da empresa e da oferta de dívida no mercado, portanto não haverá necessidade de aporte do controlador, a State Grid.
Como a coluna já havia observado, o braço de transmissão é o mais valioso da CEEE. A atividade de transmissão é comparável a uma espécie de transporte de eletricidade no atacado, ou seja, entre a produção (geração) e o consumo (distribuição). A CEEE-T tem linhas e subestações espalhadas em todo o Rio Grande do Sul, diferentemente da CEEE-D, restrita a parte da Grande Porto Alegre, Litoral e Sul do Estado.
No entanto, especialmente depois de 2018, quando um megaleilão trouxe ao Estado grandes grupos internacionais para construir a infraestrutura que a Eletrosul não teve fôlego para cumprir, não é um monopólio. Boa parte das empresas que chegaram a disputar o leilão da CEEE-T já opera no Estado desde então, como a espanhola Cymi, com o fundo de investimentos Brookfield, de origem canadense, a portuguesa EPD, e a ISA Cteep, controlada por uma companhia colombiana.