A CPFL arrematou o braço de transmissão da CEEE, a CEEE-T, por R$ 2,67 bilhões. A operação teve ágio de 57,13%. A venda da companhia gaúcha tinha valor mínimo de 1,699 bilhão. A CPFL, controlada pela chinesa State Grid, já é responsável por dois terços da atividade de distribuição no Estado por meio da RGE.
Foram vendidas em lote único ações que representam 66,08% do capital social total da CEEE-T, de titularidade da Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE-Par). O leilão de privatização da CEEE-T foi realizado na manhã desta sexta-feira (16), na B3, em São Paulo, e foi transmitido pela internet.
— A CPFL já possui longa história de parceria com o Rio Grande do Sul e aumentamos ainda mais o nosso compromisso com o Estado. O plano nesta companhia não tem mágica, aqui é competência para operar os ativos e muito investimento — afirmou o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, ao bater o martelo.
Tão logo o desfecho do certame foi anunciado, o governador Eduardo Leite saudou a venda da CEEE-T nas redes sociais, desejando sucesso à CPFL. Depois, em discurso no púlpito da B3, falou da importância de "reconhecer que o setor privado tem mais capacidade de eficiência" para administrar o bem público, cabendo ao Estado a regulação e fiscalização do serviço.
— A privatização vem em proveito de toda sociedade, com melhores serviços e melhores preços, e em consequente geração de empregos — disse.
O governador ainda afirmou que a alegria do leilão contrasta com a tristeza pelo incêndio no prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado, em Porto Alegre, citando as buscas pelos dois bombeiros que seguem desaparecidos.
O diretor-presidente da CEEE, Marco da Camino Soligo, celebrou a venda, afirmando que a desestatização começou "a partir de uma tomada de consciência de que era melhor transferir o serviço" à iniciativa privada. Soligo citou que o processo de privatização envolveu cerca de 200 pessoas, e, ao final do discurso, estendeu uma bandeira do Rio Grande do Sul e outra do Brasil para mostrar "a quem foi feito o trabalho".
Como foi o leilão
Seis proponentes tiveram interesse pela transmissora gaúcha. CPFL, Companhia Técnica de Comercialização de Energia, da Energisa, e a MEZ Energia apresentaram as maiores propostas e seguiram para uma etapa de lances em viva voz. A CPFL e a Companhia Técnica de Comercialização de Energia duelaram a disputa aumentando os lances até chegar à cifra final de R$ 2,67 bilhões.
A CEEE-T possui 69 subestações, que somam potência instalada própria de 10,5 mil MVA. A empresa também é responsável pela operação e manutenção de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão e mais de 15,7 mil estruturas.
Finalizada a desestatização da CEEE-T e da CEEE-D, o próximo passo será a venda do braço de geração, a CEEE-G. A expectativa, segundo o governador Eduardo Leite, é concluir o processo até o início de 2022. O edital deve ser publicado entre agosto e setembro, com projeção de realizar em dezembro deste ano.