O investimento de R$ 500 milhões anunciado no ano passado pela Vibra, que atua com a marca de frangos Nat, está mantido, mas a alta de custos obrigou a indústria gaúcha a "dar um passo atrás", afirma o CEO Gerson Müller.
O frigorífico de Soledade, comprado em 2020 e base para o projeto de ampliação no Estado, terá produção reduzida por alguns meses e vai reduzir o quadro de pessoal de 270 para cerca de cem.
Segundo Müller, a estiagem fez os preços de insumos dispararem no Estado:
– O milho subiu 90%, o farelo, 120%, a soja 95%. A ração para as aves que ainda estamos abatendo vem do Paraná, até porque aqui não tem. Os custos logísticos estão lá em cima, os preços de embalagem, de papel e de plástico, também subiram muito.
O empresário afirma que serão oferecidas vagas em outras unidades para quem tiver mobilidade e privilegiar prestadores de serviços que contratem funcionários que serão desligados na unidade. A coluna quis saber qual a perspectiva para a volta da operação em Soledade, e Müller estimou que deve finalizar os investimentos na unidade no último trimestre, quando haveria "melhor condição para voltar". Mas avisou que "não dá para ter certeza", repetindo uma descrição que a coluna tem ouvido muito nas últimas semanas:
– Está difícil fazer previsões, depende da reação do mercado, que está muito complicado. Os custos estão altos, o preço não reage, a demanda está baixa. No ano passado, com o auxílio emergencial, o mercado interno se manteve aquecido. Agora, não mais. O desemprego não diminuiu e, mesmo o frango sendo um produto barato, se as pessoas não têm dinheiro, não têm o que fazer.
Müller assegura que o propósito de investir "continua firme", e o investimento deve ser até acelerado, porque uma unidade de processamento de frangos no Estado "faz falta" para o grupo:
– Queremos produzir aqui porque queremos vender aqui. No ano passado, compramos mais área de terra, passamos a investir mais. Temos duas frentes em andamento, uma na fábrica de ração, outra no frigorífico.
O empresário diz que para a Vibra, acostumada a "avançar sempre", é difícil admitir precisar "dar um passo atrás", mas pondera que é melhor fazer isso agora, com cuidado, do que comprometer a companhia:
– A intenção é sair forte desse momento difícil. Não é fácil para a gente, mas é o que temos de fazer. Saímos de de dois anos muito bons para a a avicultura, 2019 e 2020, mas este início de 2021 está sendo tenebroso, especialmente porque o preço de insumos disparou demais. Estamos apertando o cinto para seguir em frente.