Com alta de 2,71% em fevereiro, um dos indicadores de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), acumula alta de 5,69% no ano e de 29,95% em 12 meses. Trata-se do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que só tem o período de apuração diferente de seus "irmãos" IGP-M e IGP-10 (veja detalhes abaixo).
Conforme o coordenador dos índices de preços da FGV, André Braz, havia previsto em entrevista à coluna, de fato a inflação começa a se espalhar por produtos que, até agora, não estavam tão pressionados por altas de preço.
Entre os novos grupos com fortes altas de preço, estão combustíveis para o consumo (6,64% para 15,43%), que bate direto no consumidor, e outros que ainda estão pressionando no atacado, como celulose (-4,89% para 8,29%), óleo diesel (6,32% para 14,08%) e fertilizantes (8% para 18,53%), exemplifica Braz. Celulose, por exemplo, tem grande poder de disseminar pressão de custos por ser matéria-prima para papel e papelão, muito usados em embalagens.
E com exceção da celulose, todos os demais preços que dispararam são resultado do repasse da alta do petróleo: gasolina, diesel e fertilizantes, que têm derivados de óleo cru como matéria-prima. E devem subir mais, com novas altas dos combustíveis nas refinarias anunciadas nesta segunda-feira (8), que incluem reajuste de 8% na gasolina, o que significa que pode haver mais uma nas próximas semanas. A alta da inflação e a intervenção presidencial na Petrobras provocaram o surgimento de vídeos que viralizaram na internet com os títulos "BolsoCaro" e "Custo Bolsonaro".
Nessa edição do IGP, o índice de preços no atacado subiu menos do que na anterior, ou seja, desacelerou. Mas empresários, que projetavam a acomodação de preços para o primeiro trimestre, agora só preveem algum alívio na pressão de custos para o segundo semestre. A parte do IGP-DI que mede apenas a alta para o consumidor já acumula alta de 5,41% nos 12 meses encerrados em fevereiro.
Quais são os principais índices de inflação
IGPs: Índices Gerais de Preços, calculados pela Fundação Getulio Vargas. Têm três variações, IGP-M, IGP-DI e IGP-10, com diferença apenas no período de apuração. Cada um é composto por três subíndices: Índice de Preços no Atacado (IPA), com peso de 60%, Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), com peso de 10%.
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado pelo IBGE, é considerado o índice oficial do Brasil porque serve de referência para o Banco Central. Mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, também do IBGE, mede avariação nos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e oito salários mínimos. É a referência para negociações de reajustes salariais.
IPCs: Índices de Preços ao Consumidor calculados pela FGV, tem quatro variações, entre as quais a mais conhecida é o IPC-S.