O reajuste da gasolina nas refinarias, de 4,8% na semana passada, alinhou o preço no Brasil à média internacional, cumprindo a regra atual da Petrobras. O problema é que, de lá para cá, a cotação do petróleo subiu lá fora.
O movimento fez com que o mercado passasse a projetar um novo "potencial de aumento" de 15% no valor cobrado pela estatal. Para lembrar, até o repasse mais recente, a gasolina acumula aumento de quase 40% na refinaria desde o início do ano.
Uma das fontes da projeção é a Ativa Investimentos, que rodou os modelos de defasagem nesta sexta-feira (5) e estima potencial de aumento da gasolina em 15%. Em nota assinada pelo economista-chefe, Étore Sanchez, a empresa que media aplicações no mercado afirma que "em outras palavras, a Petrobras pode elevar o preço da gasolina em cerca de 15% para buscar a paridade com o preço internacional".
Conforme Sanchez, o reajuste pode não ser dado de maneira integral pela companhia, mas parcelado ao longo das próximas duas semanas. Outra estimativa de alta, neste caso de 8% no diesel, é da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Para a gasolina, a perspectiva da Abicom é um pouco mais moderada, mas ainda de duplo dígito: 11%.
Para lembrar, o mandato do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, vai até 20 de março. Como já deixou claro, Castello Branco é contrário ao "gap" (defasagem, ou "buraco") entre os preços no Exterior e os cobrados no Brasil. Até que ocorra a mudança, pelo menos, é improvável que haja mudança na estratégia.
O que mudou o equilíbrio de preços foi uma decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que decidiu manter até abril a redução da produção combinada entre seus integrantes, por avaliar que a recuperação da demanda da pandemia ainda é frágil.
A medida havia sido adotada no ano passado, ante a queda no consumo de derivados com a redução de voos e deslocamentos provocada pelo coronavírus. Só nesta sexta-feira (5), a cotação do tipo brent, referência usada pela Petrobras, sobe 2,38%, para US$ 68,80. Em dois dias, acumula alta de quase 10%: 9,97%. Nesse período, o dólar se manteve praticamente estável, graças a pesadas intervenções do Banco Central, que usou cerca de US$ 5 bilhões para frear o câmbio.