A semana começa com anúncio de novo aumento nos combustíveis nas refinarias. Petrobras aplicará os reajustes de 12 centavos a partir desta terça-feira (2) tanto para a gasolina quanto para o diesel, combustível usado no transporte rodoviário. No caso da gasolina, é o quinto aumento de 2021. No diesel, é a quarta elevação.
Gasolina: aumento de R$ 0,1240
Diesel S10 e S500: aumento de R$ 0,1294
As elevações são de 5%. Ou seja, mais do que a inflação geral para o consumidor de um ano inteiro. Na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, a gasolina passa para R$ 2,62 e o diesel, para R$ 2,71.
No último dia 18, a estatal já tinha aplicado um forte ajuste de preços. A elevação para a gasolina tinha sido de 22 centavos. No caso do diesel, foi de 33 centavos. Esse aumento gerou reação do presidente Jair Bolsonaro, que passou a atacar publicamente o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e, depois, indicou o general Joaquim Luna e Silva como substituto para assumir o cargo a partir de março, quando termina o mandato do atual executivo. A tensão entre governo e estatal gerou temor nos investidores levando as ações a despencarem, fazendo a empresa perder bilhões em valor de mercado.
Na semana passada, Castello Branco falou pela primeira vez desde a polêmica ao apresentar o balanço de 2020 da empresa. Ele defendeu a paridade de preços das refinarias com o mercado internacional, afirmando que manteria essa política de preços enquanto estivesse na presidência. Chamou a atenção a camiseta usada na entrevista com o símbolo e os dizeres "Mind the gap" , expressão tradicional nos metrôs de Londres para alertar os passageiros do vão que existe entre a plataforma e o metrô. Gap também é um termo usado para intervalo de preços. Há a interpretação de que ele estava alertando para que se mantenha atenção na defasagem entre o preço cobrado pela Petrobras nas refinarias brasileiras com os valores internacionais. E também sobre o gap de eficiência em relação a empresas globais.
Preço recorde na bomba
Ainda nesta segunda-feira (1º), a coluna noticiou que o preço médio da gasolina nos postos de combustíveis bateu recorde no Rio Grande do Sul. Atingiu R$ 5,02 na última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), superando a marca anterior de R$ 4,95, registrada em outubro de 2018.
Qual a tendência?
Prepare o bolso. O real não dá sinal de ganhar força frente ao dólar, que segue alto. Incertezas no país provocam isso, desde a vacinação até o não andamento de reformas, passando pela tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e a Petrobras.
- E a prometida redução de Pis/Cofins no diesel ainda não saiu. Além disso, entra em vigor hoje o novo preço de pauta, usado para cálculo do ICMS a ser recolhido sobre o combustível. E também hoje, aumenta a mistura de biodiesel de B12 para B13 no diesel, com impacto de um centavo no diesel - lembra o químico industrial Marcelo Gauto sobre a medida que o presidente Bolsonaro chegou a anunciar para março.
E sobre o preço do petróleo, a pressão de alta segue. Se a vacinação patina aqui no Brasil, ela avança em outros países, que já projetam fim de quarentena. Isso eleva consumo de combustíveis, provocando alta da commodity.
Em paralelo, se aguarda o andamento da mudança no comando da Petrobras. Uma assembleia do conselho de administração avaliará a indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir o presidente Roberto Castello Branco. No entanto, tanto a assembleia quanto a própria indicação passam por diversos questionamentos, inclusive no Judiciário.
Cálculos do químico Marcelo Gauto para elevações de hoje:
Diesel:
+R$ 0,129 na refinaria
+R$ 0,0143 ICMS
+R$ 0,0135 Biodiesel
Total: +R$ 0,1568
Gasolina:
+R$ 0,124 refinaria
+R$ 0,048 ICMS
Total: R$ 0,172
- E vem ainda aumento do etanol anidro... - avisa Gauto.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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