Na noite de terça-feira (16), a Petrobras informou ao mercado que, depois do exame do nome do general Joaquim Silva e Luna, não há restrições ou vetos para que ele seja eleito como integrante do conselho de administração e, na sequência, presidente da companhia.
O comunicado é importante porque havia dúvidas sobre essa aprovação, tanto pela forma como foi feita a indicação quanto pelo indicado.
Um dos motivos dessa incerteza era o fato de que as regras preveem necessidade de comprovar 10 anos de experiência no setor ou o mesmo período em cargo semelhante de empresa do mesmo porte, mesmo que de outro setor.
O general escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro não tem qualquer experiência no principal negócio da Petrobras. Comandava a parte brasileira da binacional Itaipu, uma empresa de energia, mas há apenas dois anos, e nunca havia atuado no segmento de exploração e produção de óleo e gás, atual foco da estatal.
Depois da renúncia de cinco dos 11 conselheiros da estatal, essa dúvida havia se aprofundado. Em comunicado ao mercado, a Petrobras anunciou que o comitê reconheceu "o preenchimento dos requisitos" previstos em lei, decreto e na Política de Indicação de Membros da Alta Administração da Petrobras (espécie de manual de boas práticas adotado depois da Lava-Jato, diante das indicações de partidos políticos para a diretoria da estatal).
A eleição de Silva e Luna, portanto, está prevista para o dia 12 de abril. No mesmo dia da decisão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que alertou Bolsonaro para os riscos da intervenção da Petrobras que destituiu Roberto Castello Branco e indicou Silva e Luna:
— O que nós dissemos ao presidente é que isso tem um custo econômico pesado. Então, resultado: se o objetivo era baixar o preço do combustível, o que aconteceu (a troca do presidente da Petrobras de forma brusca) foi que os mercados começaram a subir o câmbio, a Petrobras perdeu valor, e o presidente falou: 'Mas, peraí, eu quero fazer isso organizadamente'.
Foi preciso, conforme Guedes, mostrar ao presidente que "tem contratos", o que determinou a decisão de esperar o encerramento do mandato de Castello Branco. O ministro ainda afirmou que a governança da Petrobras, ajustada depois da Lava-Jato, "é uma questão em aberto aí para o futuro". E acrescentou:
— Vamos ver como esse novo presidente da Petrobras vai enfrentar esse problema ali na frente.