O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O comércio varejista não ficou imune à combinação entre piora da pandemia e perda de estímulos aos negócios na largada de 2021. Em janeiro, o volume de vendas do setor teve baixa de 0,2% frente a dezembro no país. O resultado sustenta a projeção de analistas: o primeiro trimestre deve ser marcado pelo fraco desempenho da economia.
Diante do quadro de dificuldades, torna-se cada vez mais urgente o avanço no combate à covid-19. É a vacinação contra o coronavírus que pode frear a crise sanitária e, assim, permitir a retomada segura dos negócios.
A melhora no ambiente econômico também passa neste momento pela volta de medidas como o auxílio emergencial. A aprovação da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados viabiliza o retorno do benefício, com a criação de gatilhos fiscais.
O desempenho frustrante do varejo em janeiro foi confirmado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Rio Grande do Sul, a queda foi maior. Houve retração de 3% no volume de vendas frente a dezembro.
Economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito avalia que o resultado nacional vem na "esteira de dados econômicos mais frágeis". "Ao que tudo indica, teremos um primeiro trimestre fraco no país, seja pela vacinação frágil ou mesmo pelo fim dos incentivos de curto prazo como o auxílio emergencial", afirma, em nota, Perfeito.
Para piorar a situação, a inflação em alta causa desafio adicional ao país. Em fevereiro, o IPCA teve variação de 0,86%, a maior para o mês desde 2016. Por conta da disparada dos preços de itens como alimentos e combustíveis, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve elevar o juro básico na próxima semana.
Atualmente, a taxa Selic está em 2% ao ano, o menor nível histórico. Ou seja, em meio à crise, um dos estímulos à economia, o monetário, tende a perder fôlego.
Sobram incertezas neste início de 2021.