O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Qual é o formato da retomada da economia no país? Nesta sexta-feira (15), o debate sobre o modelo de reação à crise do coronavírus ganhou novo capítulo. O motivo foi a confirmação de que as vendas do varejo tiveram variação negativa de 0,1% em novembro, frente a outubro.
O resultado ocorreu após seis avanços consecutivos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Rio Grande do Sul, a situação é similar. Houve baixa de 0,6% em novembro, depois de seis altas em sequência.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem insistindo na ideia de que a atividade passa por recuperação em formato de V. No economês, a letra indica uma grande queda nos negócios, seguida por uma alta firme e rápida. A visão, entretanto, não é consensual.
Economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito reconhece que a atividade teve "recuperação forte" nos últimos meses, mas entende que indicadores como o do varejo sinalizam perda de fôlego. Por isso, considera que o formato da reação tem mais cara de raiz quadrada.
Ou seja, o símbolo representa grande retração, seguida por retomada cuja velocidade fica menor ao longo do tempo. Para Perfeito, a redução de estímulos à economia explica a perda de gás. Com a fragilidade das contas públicas, o auxílio emergencial, por exemplo, foi reduzido inicialmente de R$ 600 para R$ 300, deixando de existir na virada do ano.
– A economia teve uma queda abrupta e voltou de maneira rápida. É natural. A questão é a seguinte: passado o choque, a tendência é de recuperação contínua? Não. É de estabilidade ou até de alguma queda. Sem os incentivos, seja o auxílio emergencial ou o diferimento de impostos, o crescimento fica mais baixo – pontua o economista.
Diante dos riscos, cresce a expectativa pelo processo de vacinação no país, a alternativa para desafogar o sistema de saúde e permitir maior reabertura dos negócios. Nesta sexta-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que "a vacinação em massa é fundamental para a retomada da atividade econômica".
A ameaça da covid-19 continua. Basta ver a situação de Manaus, cuja rede hospitalar entrou em colapso.