O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O fechamento das fábricas da Ford no país, anunciado na segunda-feira (11), deixa uma série de reflexões para os brasileiros. O economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), frisa que o ramo automobilístico sofreu nos últimos anos com a baixa no mercado local. Não bastassem as dificuldades nas vendas, o setor passa por período de transformação digital, exigindo investimentos robustos das montadoras.
Diante desse contexto, o episódio da Ford deve servir de exemplo para o país avançar em medidas que reduzam o fantasma do custo Brasil, incluindo a reforma tributária, diz Cagnin. O desafio não para por aí.
Na visão do economista, o governo federal também precisa intensificar esforços para elevar investimentos em pesquisa e inovação. Segundo ele, o país já não vinha gastando o suficiente com a área, e houve "estrangulamento" de linhas de crédito nos últimos anos. Melhorias em inovação e pesquisa são vitais para garantir a permanência de indústrias com potencial de espalhar estímulos por diferentes setores da economia.
– A gente precisa levar a sério a agenda de competitividade, de redução do custo Brasil, em que a reforma tributária é uma das primeiras coisas que devem ser feitas. A gente também precisa levar a sério a agenda de pesquisa e inovação. Adiciono um terceiro fator: precisamos assegurar uma trajetória robusta de crescimento do PIB. Sem isso, empresas não terão fluxo para financiar investimentos, principalmente depois dos impactos da pandemia – pontua Cagnin.
Após o anúncio da Ford, a Anfavea, que representa as montadoras, também chamou atenção para a necessidade de o país buscar medidas que tragam avanços em competitividade. A entidade diz que "vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade da indústria (local e global) e a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil".