O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O cenário externo despejou uma dose de alento no mercado financeiro nesta quinta-feira (14). À espera do anúncio de plano trilionário de estímulo à economia dos Estados Unidos, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira (B3), teve alta de 1,27% ao final da sessão. Com isso, chegou a 123.480 pontos.
O alívio internacional, gerado pela expectativa de melhora na maior potência do mundo, contrasta com a avaliação de investidores sobre o quadro verde-amarelo.
Por aqui, a preocupação cresceu em relação aos rumos da política econômica do governo Jair Bolsonaro. O alerta voltou a piscar após a informação de que Bolsonaro se irritou com o plano de reestruturação do Banco do Brasil (BB), colocando na berlinda o presidente da instituição, André Brandão.
Anunciado na segunda-feira (11), o plano prevê o fechamento de 361 unidades no país, incluindo 112 agências. A estimativa do BB era de que 5 mil funcionários aderissem a dois programas de demissão voluntária.
– A questão do Banco do Brasil é extremamente preocupante, até porque a agenda de reformas perdeu força na pandemia. Uma possível intervenção no banco não seria legal. Isso gera ruídos – pontua Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.
No horizonte externo, a avaliação do mercado é de que o novo programa de estímulo americano, que deve ser anunciado à noite pelo presidente eleito Joe Biden, poderá dar fôlego para a retomada local, em meio a dificuldades no mercado de trabalho. Em tese, a melhora também poderia favorecer de alguma forma o Brasil. É que os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações verde-amarelas.
Nesta quinta, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, sinalizou que o juro não será elevado tão cedo por lá. Trata-se de mais um estímulo à economia local, destaca Bertotti.