Simone Leite se prepara para deixar a presidência da Federasul até o final de dezembro, quando entrega o cargo a Anderson Trautman Cardoso. Foi uma gestão marcada, no começo, pela polêmica da separação da Associação Comercial de Porto Alegre e, no final, pela oposição ferrenha às tentativas de estender as alíquotas elevadas de ICMS. Simone diz que sai com a famosa "sensação de dever cumprido", especialmente por ter ampliado a representatividade da Federasul e o senso de pertencimento dos associados.
– Tenho ouvido, emocionada, que foi mais fácil suportar 2020 graças à parceria da Federasul. Com apoio dos diretores, em grupos de WhatsApp, ajudamos a fortalecer muitos empresários que esmoreciam por uma série de dificuldades, ao mostrar que as dores deles eram as dores de vários. Foi uma espécie de terapia – relata.
Simone detalha que recebeu a entidade com déficit de R$ 4 milhões e está entregando com superávit de R$ 1,2 milhão. Para 2021, seus maiores compromissos serão com marido, filho, pai e mãe.
– A gente acaba se ausentando, 2021 vai ser o ano da mãe, da esposa. Na empresa, se é difícil dizer que 2020 foi um bom ano, posso dizer que não foi um caos. Tomamos decisões que relutávamos em adotar, como mudar a gestão e concentrar a operação em Pernambuco.
Isolamento
"Desde o início tenho trabalho muito em casa, mas também presencialmente na empresa e, nas quartas-feiras, na Federasul. Com o aumento do trabalho remoto, ampliamos as horas trabalhadas, permanecendo conectada em casa das 7h até as 22h. Faço muitas reuniões virtuais e lives diárias. Reuniões virtuais são mais produtivas e, apesar das dificuldades, foi um ano muito intenso. A empresa ficou fechada por 10 dias no final de março e, no início de abril, retomamos as atividades seguindo todos os protocolos sanitários . Foi surpreendente o apelo dos funcionários para continuar as atividades presenciais. Diante de tantas demissões e suspensões de contrato, a manutenção do trabalho era prioridade."
Leitura e lazer
"Com a família reunida em casa, passamos a assistir mais series e filmes juntos. Neste momento, estou terminando de assistir The Crown. Estamos passando mais tempo na fazenda e isso nos dá muita liberdade, especialmente para atividades ao ar livre, sem máscara. Meu filho Zenon e meu marido aprimoraram a culinária. A família ficou mais unida e compartilhando programas e atividades. A leitura atual é Catarina, a Grande: Retrato de uma Mulher, mas também muitos artigos, jornais."
Combate ao coronavírus
"Reafirmo minha crença de que a política muda nossa vida para o bem e para o mal. Decisões políticas equivocadas interferem diretamente na vida das pessoas. Milhares de gaúchos ficaram sem renda, muitas empresas fecharam as portas de forma definitiva. Superação foi a palavra de ordem de 2020, considerando a proibição ao trabalho e às liberdades individuais. O mais importante é termos equilíbrio entre saúde e economia, diálogo e bom senso de toda a sociedade, incluindo poder público. O novo ano traz a esperança da vacina e novas oportunidades para a estabilidade econômica, a ampliação dos empregos e renda. Acredito no tratamento preventivo, toda a família faz, e no tratamento precoce ao se identificar a presença do vírus."
Aprendizado
"Os principais foram capacidade de adaptação, resiliência, a importância do diálogo e da empatia. Também que a tecnologia nos aproxima e permite a todos o acesso ao conhecimentos. Houve muitos eventos promovidos pela Federasul que antes eram restritos a poucos e, agora, estão disponíveis para todos."
Reflexões
"Tempos difíceis exigem o melhor de cada um de nós. Podemos errar, podemos acertar, mas não podemos nos omitir como lideranças empresariais e empreendedores. Também precisamos ter humildade para reconhecer equívocos e coragem para enfrentar os desafios. Pensar coletivamente favorece as relações pessoais e profissionais. Nosso ano foi incrível, pelo fortalecimento das relações familiares, especialmente com um adolescente de 16 anos (o filho Zenon). Para mim, a família é a instituição mais importante, que dá energia para trabalhar de forma voluntária em prol do bem comum. A cultura do individualismo e do corporativismo gaúcho está mais evidente ainda neste ano, na minha opinião. Esse é o motivo do atraso do Estado e o grande desafio da nossa gente."