O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O Rio Grande do Sul tem 946 startups, terceiro maior número do país, indica a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Essas empresas são conhecidas pela base tecnológica e pela busca por negócios inovadores.
Para avaliar o potencial do Estado, a coluna conversou com Wagner Bergozza, presidente da Associação Gaúcha de Startups (AGS). Segundo ele, 2020 representou um período de evolução para o segmento, e o cenário deve continuar positivo no próximo ano, apesar da pandemia. A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
O número de startups no Estado cresceu em torno 3% em 2020, para 946. Como resume o ano para o setor?
Diria que foi o ano das startups. Foi o período em que elas souberam se diferenciar. O mercado se obrigou a vê-las como negócios de verdade. Resumiria assim. Houve crescimento com bastante investimento. Startups foram alternativas de digitalização para muitas empresas tradicionais. Na AGS, estamos querendo criar uma plataforma de startups e fazer com que o mercado conheça esses negócios. Queremos permitir a conexão.
Qual é o cenário para o setor, especialmente no Estado?
Tivemos um ano bem difícil para a economia de modo geral. Isso, de certa forma, tende a favorecer startups. É que vimos grandes empresas do mercado tradicional investindo bastante na área de tecnologia, mas muitas ainda não sabem como começar. Então, atalhar esse caminho com uma startup, comprando ou investindo nela, por exemplo, é algo com potencial.
Houve boom de investimento em startups em 2020, algo como três vezes mais do que no ano passado no Brasil. Aqui no Sul não conseguimos ter esse recorte, porque geralmente quem traz as informações é alguma pesquisa feita por empresa em São Paulo. Vimos muitas startups crescendo neste ano. Poucas morreram. As startups descentralizam os negócios.
Ou seja, mesmo com a crise, o cenário é positivo?
É ruim dizer que a pandemia favorece, mas momentos de dificuldades econômicas acabam favorecendo startups. O isolamento social atingiu o meio físico. Reduziu esses negócios, e o digital se favoreceu. Empresas que antes evitavam entrar no digital agora se obrigaram a fazer isso. Ou seguiam para o digital ou fechavam.
Vimos muita gente vendendo por aplicativos, por exemplo. Tem restaurantes criando plataformas para receber pedidos de clientes. Virou necessidade. Isso tende a favorecer muito as startups. Normalmente, elas buscam esse gap (lacuna) de digitalização, porque trabalham com escala. Pensam em vender nas suas regiões, mas com o desejo de vender também para Amazonas, Acre ou qualquer outro lugar do Brasil.
Há potencial para startups em quais áreas no RS?
O RS é um case interessante, com economia de grande diversidade. Tem a agropecuária forte, assim como serviços em regiões como a Metropolitana. Tem a indústria metalúrgica e o turismo na Serra. A tendência é de que muitas startups se aproveitem disso. Vemos ainda startups bem legais no setor de fintechs (tecnologia para o sistema financeiro). Há bons cases em várias áreas. Destacaria fintechs, agronegócio, marketplaces de serviços, healthtechs (saúde), marketing e soluções para o varejo.