O assombro com que foi recebida no Brasil a abertura de um processo seletivo de trainees exclusivo para negros no Magazine Luiza (Magalu) evidencia o quanto o país ainda está desconectado das mudanças no mundo corporativo.
Iniciativas como essa tendem a se multiplicar com o lançamento no Brasil do B Movement Builders que, não por acaso, reúne empresas como a Magalu e a gaúcha Gerdau. Entre os princípios, estão a diversidade e a preservação ambiental.
A nova coalização é inspirada na comunidade de Empresas B Certificadas e reúne multinacionais com ações negociadas em bolsa que assumem o compromisso de tornar a economia global mais inclusiva, justa e regenerativa. O primeiro grupo reúne Gerdau, Magalu, Bonduelle e Givaudan, que vão receber mentoria da Danone e da Natura para medir e gerenciar os impactos sociais e ambientais da sua atividade, além de se comprometer com ao menos três metas vinculadas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
O movimento foi criado para incluir grandes empresas multinacionais nessa metodologia de medição de compromissos sociais e ambientais. A maioria das Empresas B certificadas são de pequeno e médio porte, com menos de 250 funcionários. As empresas do B Movement Builders movimentam cerca de US$ 60 bilhões de dólares e têm 250 mil funcionários.
No Estado, indústrias como a Mercur, de Santa Cruz do Sul, integram o Sistema B. E embora fora do âmbito B, a valorização dos compromissos sociais e ambientais também está na origem do indicador criado na bolsa de valores brasileiros, liderado outra gaúcha, a Lojas Renner. Adotar os princípios de gestão alinhados ao conceito Environmental, Social and Governance (ESG, em bom português sustentablidade econômica, social e ambiental) começa a deixar de ser alternativo para se tornar tendência global.
À coluna, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, já havia antecipado a disposição de "assumir compromissos sociais e ambientais cada vez mais robustos". Em novembro passado, já adiantava um dos pontos de atenção:
– A Gerdau ainda não reflete na integridade o fato de o Brasil ser um país majoritariamente negro.
Outras grandes empresas que não fazem parte do movimento, como a JBS, tomam iniciativas de proteção ambiental como forma de tentar suavizar os danos à "marca Brasil" provocada pela posição do governo Bolsonaro em relação a queimadas na Amazônia e no Pantanal.