A estreia em Porto Alegre do diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck foi para uma grande plateia, na 18ª edição do Fórum de CEOs da Amcham, realizada no Teatro do Bourbon Country ontem à tarde. O primeiro diretor-presidente da empresa que não é da família relatou o processo de transformação digital da companhia e destacou os avanços em diversidade e responsabilidade social e ambiental. Depois da palestra, falou à coluna.
A Gerdau anunciou há dois dias a primeira compra depois de muitas vendas. É nova fase?
De forma nenhuma vamos voltar ao passado de grandes aquisições. Temos, sim, necessidade de voltar a crescer. Nos próximos anos, olharemos ativos de menor porte, mas que possam complementar nossa linha de produtos. A Simpac é uma empresa do Ceará que tem grande sinergia com nossas operações.
O layoff (suspensão do contrato de trabalho) em Charqueadas é sinal de risco para a unidade?
Tem uma explicação única, que é a redução de exportação de veículos para a Argentina. Tenho expectativa que o novo governo possa incentivar a economia nos próximos anos. Assim que acontecer, retomamos a produção. As usinas de Charqueadas e Pindamonhangaba (SP) são fundamentais para atender o Brasil.
A expectativa de retomada da construção civil é realista?
É superrealista. Há alguns anos falamos em crescimento, mas não estávamos otimistas. Pela primeira vez, vimos as expectativas se traduzirem em aumento de pedidos. Comparando o segundo com o terceiro trimestre, os pedidos de aço para construção cresceram 17%. O número de lançamentos vai se traduzir em novos pedidos, a partir de fevereiro e março. São Paulo puxa, em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte já é realidade.
Por que a Gerdau dá tanta importância a diversidade, ambiente e ações sociais?
Temos história de 118 anos de dedicar tempo para fazer um país melhor. Podemos fazer ainda mais. A governança está bem construída. As questões sociais e ambientais são as grandes evoluções que podemos ter. Vamos assumir compromissos cada vez mais intensos e robustos. Podemos fazer muito mais em habitação, não é possível conviver em uma sociedade com tantas pessoas marginalizadas, sem moradia dignager
Por que ainda há resistência?
É uma jornada de transformação pela qual alguns países já passaram e o Brasil vai ter de passar, ainda é um país preconceituoso. A Gerdau ainda não reflete na integridade o fato de o Brasil ser um país majoritariamente negro. Só estaremos inseridos em uma sociedade na sua plenitude se refletirmos sua demografia na empresa. Nós quebramos a resistência, na unidade de Pindamonhangaba e contratamos várias mulheres para operar máquinas de logística e o número de acidentes é muito menor. Queremos ser protagonistas nas ações.