Quem paga as compras no caixa do supermercado não tem dúvida: a inflação subiu. Para boa parte dos especialistas, a disparada dos preços dos alimentos ainda não é ameaça inflacionária. A justificativa é que os aumentos não são "generalizados", ou seja, não atingem todos os preços.
Conforme Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim (BV), o risco principal não é o choque de curto prazo, mas uma eventual guinada na condução da política econômica.
Na avaliação do economista, os preços serão contidos, mesmo que por alguns motivos negativos. No curto prazo, devem ajudar o fim do auxílio emergencial e a regularização na oferta de produtos agrícolas. No médio prazo, o desemprego será outro freio de reajustes. Até o Banco Central reconheceu que "a inflação deve se elevar no curto prazo", no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom).
No entanto, Padovani aponta como grande risco de pressão inflacionária uma mudança na gestão da economia. Não de gestor "pessoa física", no caso o ministro da Economia, Paulo Guedes, mas de estratégia. Pondera que o "abandono da agenda de reformas e uma guinada populista na área fiscal e monetária podem facilmente desancorar as expectativas e elevar o risco inflacionário para 2021". E adverte:
– O nível da inflação continua sendo uma escolha de governo.
Quais são os principais índices de inflação
IGPs: Índices Gerais de Preços, calculados pela Fundação Getulio Vargas. Têm três variações, IGP-M, IGP-DI e IGP-10, com diferença apenas no período de apuração. Cada um é composto por três subíndices: Índice de Preços no Atacado (IPA), com peso de 60%, Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), com peso de 10%.
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado pelo IBGE, é considerado o índice oficial do Brasil porque serve de referência para o Banco Central. Mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, também do IBGE, mede avariação nos preços de produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e oito salários mínimos. É a referência para negociações de reajustes salariais.
IPCs: Índices de Preços ao Consumidor calculados pela FGV, tem quatro variações, entre as quais a mais conhecida é o IPC-S.