Ainda é cedo para dizer que será o maior, porque muitos balanços de companhias ainda serão publicados nesta temporada do fundo do poço, mas o prejuízo da Braskem no segundo trimestre, de R$ 2,48 bilhões, deve se situar entre os mais volumosos.
No entanto, o principal responsável pela perda bilionária da dona do polo petroquímico gaúcho não é o coronavírus, como no caso da maioria das empresas, mas um problema que demorou a resolver em uma de suas menores operações, em Alagoas.
No segundo trimestre, a Braskem teve aumento de 26% em geração de caixa, medida pelo indicador chamado ebitda (ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Mas o resultado positivo não reduz a inquietação sobre o futuro da empresa, incerto desde o fracasso da venda, há pouco mais de um ano. O motivo do insucesso, aliás, é o mesmo que determinou a perda bilionária: a má gestão do afundamento de bairros de Alagoas onde a empresa minerava sal-gema.
Depois de um relatório técnico que associou a atividade da empresa ao desabamento de terra em quatro bairros alagoanos, a Braskem foi obrigada a prever gastos, que nesta quinta-feira (9) chegaram a R$ 4,5 bilhões, com a indenização de proprietários e pagamento de multas. Esses gastos elevaram o endividamento da empresa a um "nível desconfortável", conforme o Morgan Stanley. A S&P, uma das três grandes empresa de análise de risco, reduziu a nota da Braskem para BB+, o que significa perda do grau de investimento (espécie de chancela de bom pagador).
A saída para a empresa que é uma multinacional de origem brasileira – tem operações na Europa, no México e nos Estados Unidos, entre outros países – deve ser mesmo a pulverização do controle, no "modelo Renner", com a venda das ações no mercado. No início de julho, como o colega Leonardo Vieceli registrou na coluna, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que espera revisar o acordo de acionistas com a Odebrecht, atual controladora da Braskem, em até seis meses. Um novo acordo permitiria que as duas sócias saíssem do negócio, permitindo que um investidor com interesse (que falta à Petrobras) e capacidade financeira (ausente na Odebrecht) assumisse a companhia.
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