O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Aos poucos, projeções sinalizam que o pior estágio da crise do coronavírus ficou para trás no país. Isso, logicamente, não é motivo de otimismo. A economia brasileira continua repleta de incertezas e com uma coleção de números preocupantes. No momento, a única garantia dada por analistas é de que o tombo da atividade será robusto ao final do ano.
Nesta segunda-feira (6), o boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrou que a queda estimada para o Produto Interno Bruto (PIB), em 2020, passou para 6,50%. Representa leve melhora frente a uma sucessão de revisões para baixo. A projeção da semana anterior apontava retração de 6,54%.
Em parte, o resultado reflete a tentativa de retomada de setores diversos, incluindo o comércio, em centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, números de maio indicam algum ânimo depois da pancada sofrida em abril. Nesta segunda-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o faturamento das fábricas cresceu 11,4% no quinto mês do ano, após queda histórica na pesquisa anterior.
— A impressão é de que o fundo do poço foi em abril. Mas é só a impressão. Não sabemos ainda até quando vai o abre e fecha de lojas. Muitas empresas reduziram o quadro de funcionários nas últimas semanas, e a situação do mercado de trabalho fica mais complicada — sublinha Denilson Alencastro, economista-chefe da gestora Geral Asset.
O exemplo de que as incertezas dificultam previsões para os próximos meses está no quintal dos gaúchos. Em maio, o Rio Grande do Sul ensaiou retomada gradual da economia, mas teve de dar passo atrás com o avanço do coronavírus em diferentes regiões. O abre e fecha de negócios das últimas semanas é um dos tantos desafios trazidos pela pandemia.