O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A dificuldade de acesso a crédito na pandemia segue como um dos principais motivos de preocupação entre economistas, mais de quatro meses depois do primeiro caso confirmado de coronavírus no país. Em meio a uma crise de proporção mundial, queixas de empresários sobre restrições a financiamentos têm sido recorrentes. O perigo é de que, sem recursos, muitos negócios, especialmente aqueles de menor porte, tenham de fechar as portas.
Recente sondagem realizada pelo Sebrae-RS, com 578 entrevistados, ilustra essa preocupação. Conforme a pesquisa, 39% dos pequenos negócios buscaram crédito para manter as operações durante a pandemia no Estado. Desse grupo, apenas 33% conseguiram empréstimos.
No final de semana, houve nova sinalização de estímulo à área. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) confirmou que disponibilizará mais R$ 5 bilhões para linha de financiamento destinada a micro, pequenas e médias empresas. O BNDES também prorrogou o período de concessão dos recursos até 31 de dezembro.
A ampliação ocorre depois de o banco ter disponibilizado, em março, outros R$ 5 bilhões para auxílio a negócios de menor porte. A quantia liberada no início da crise foi totalmente emprestada, informou a instituição. Os recursos podem ser acessados de maneira indireta, por meio de agentes financeiros que atuam como parceiros, incluindo cooperativas de crédito e bancos, tanto públicos quanto privados.
Agora, resta saber se outras iniciativas conseguirão alcançar o público final. Em momentos de maior risco na economia, como é o caso atual, a tendência é de que instituições privadas elevem as exigências na hora de conceder empréstimos. Diante da gravidade da crise, economistas esperam novas ações por parte do governo federal para desatar o nó dos financiamentos nas próximas semanas.
Melhora no crédito é vista como essencial para reduzir prejuízos em áreas como o mercado de trabalho. Apenas em maio, o Rio Grande do Sul perdeu 32,1 mil empregos com carteira assinada, conforme dados do Caged. Em abril, o corte havia sido superior, de 76,8 mil vagas formais.