Golpeado pela crise do coronavírus, o Rio Grande do Sul voltou a perder empregos com carteira assinada. Em maio, o Estado fechou 32,1 mil vagas de trabalho formal. O saldo decorre da diferença entre 75,2 mil demissões e 43,1 mil contratações, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira (29). Os dados integram o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Conforme o levantamento, os gaúchos tiveram o quarto pior saldo do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os paulistas registraram a maior perda de postos formais (103,9 mil).
Os dados também apontam que, em abril, o Rio Grande do Sul tinha 2,4 milhões de vagas em estoque. Ou seja, com o saldo negativo de maio, o Estado perdeu 1,31% da quantidade de empregos disponível no mês anterior. A variação em termos relativos foi a maior entre as unidades da federação, indica o Caged.
— A estiagem agrava a situação no Rio Grande do Sul. A perda de empregos é reação a uma crise profunda, sem precedentes. A retomada deve ser lenta e gradual — pontua o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
Em maio, a indústria registrou o pior desempenho entre os setores pesquisados. Segundo o Caged, as fábricas gaúchas perderam 13,2 mil vagas. Em meio à pandemia, ramos como o calçadista têm enfrentado mais dificuldades, devido ao fechamento do comércio e aos entraves no mercado internacional, explica André Nunes de Nunes, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs):
— Esperamos que os números sejam menos negativos nos próximos meses, mas existem muitas incertezas. No Estado, algumas atividades foram retomadas e precisaram parar em seguida. Teremos de monitorar a situação semana a semana.
Serviços e comércio
Depois da indústria, o setor de serviços registrou a segunda maior perda de empregos no mês passado (8,7 mil). O comércio veio na sequência, com 7,8 mil postos encerrados.
Apesar do desempenho negativo, a destruição foi menor em maio do que em abril. No quarto mês do ano, o Estado havia fechado 76,8 mil vagas.
O primeiro caso de coronavírus entre os gaúchos foi registrado em março. De lá para cá, 123,1 mil vagas com carteira assinada já foram cortadas. O número resulta da soma dos saldos de março, abril e maio. É superior à população de um município do porte de Bagé, na Campanha (121,1 mil habitantes).
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, o corte é menor, de 86,5 mil vagas. Isso ocorreu porque o Estado havia confirmado desempenho positivo em janeiro e fevereiro.